quarta-feira, 30 de abril de 2025

Entre Sonhos e Inovações - Book Review de “Nos Bastidores da Pixar” por Susana Alegria

 

 



Licenciatura em Gestão de Empresas - Ano Letivo 2024/2025

UC: Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação - 2º Ano - 2º Semestre

Docentes: Patrícia Araújo

 

 

 

Entre Sonhos e Inovações - Book Review de “Nos Bastidores da Pixar” por Susana Alegria

 

                                               Fig. 1 – Capa do Livro “Nos Bastidores da Pixar”

 

 Discente: Susana Alegria – a22301036

 

Autores

Bill Capodagli é um consultor norte-americano com mais de 30 anos de experiência em liderança, cultura organizacional e inovação. Formou-se em Economia e Matemática pela Illinois State University. Antes de cofundar a Capodagli Jackson Consulting em 1993, ocupou cargos de gestão nas consultoras AT Kearney e Ernst & Whinney (atualmente Ernst & Young). Também geriu o Centro de Gestão da Qualidade Total na University of Southern Indiana. ​Lynn Jackson é especialista em comunicação organizacional e cultura empresarial. É cofundadora da Capodagli Jackson Consulting e possui formação pela Indiana University–Purdue University Indianapolis (IUPUI).


Fig. 2 – Bill Capodagli e Lynn Jackson


Porque escolhi este livro?

Escolhi Nos Bastidores da Pixar devido ao meu interesse em entender como uma das empresas mais inovadoras do mundo consegue manter a sua criatividade e sucesso ao longo do tempo. Ed Catmull, presidente da Pixar, partilha as suas experiências e visões sobre como a empresa construiu um ambiente que fomenta a inovação contínua. A leitura foi extremamente envolvente, pois o autor combina histórias inspiradoras com lições práticas que nos fazem refletir sobre a importância da liberdade criativa e da colaboração nas organizações.

 

Sobre o Livro

No início do livro, Catmull reflete sobre como a Pixar resgata a energia da infância, associando a criatividade dos filmes da empresa à imaginação natural das crianças. Ele compara essa abordagem com o programa OMA, que permite que crianças explorem a sua criatividade, como escrever as suas próprias óperas. Da mesma forma, na Pixar, a criatividade é incentivada sem medo de falhas, criando um ambiente onde todos podem experimentar e colaborar. A chave para isso é uma cultura que valoriza a imaginação sem restrições. Este tipo de liberdade é o que possibilita grandes inovações, como a criação do primeiro filme de animação em computador, Toy Story.

Catmull destaca como a Pixar valoriza a tentativa e erro, além de ressaltar que, ao longo da vida, muitos perdem a capacidade de inovar devido à repressão da sua criatividade. O mesmo conta como Walt Disney, ao chegar a Hollywood, foi visto como um "outsider", mas a sua capacidade de inovar levou à criação de personagens icónicos e histórias que revolucionaram a animação. Na Pixar, todos os colaboradores têm a liberdade de experimentar e trazer novas ideias, mantendo viva a chama da inovação.

O livro enfatiza a importância de evitar fórmulas repetitivas e de contratar pessoas com ideias novas, como foi o caso de Os Incríveis. A Pixar não se contentou em seguir fórmulas de sucesso, mas procurou inovar com histórias que emocionassem o público. Ao contratar Brad Bird, a Pixar deu liberdade para que ele criasse um filme que fosse verdadeiramente novo e único. A colaboração entre equipas "nos bastidores" e "em cena" também é um ponto crucial, já que essa troca de ideias alimenta a criatividade de todos.

Catmull reflete sobre a importância de não abandonar os sonhos de infância, especialmente quando o mundo corporativo muitas vezes exige resultados rápidos. Ele partilha a sua própria jornada, que levou 20 anos até à criação de Toy Story, o primeiro filme de animação em computador. A perseverança e a paciência foram essenciais para transformar a Pixar no que é hoje. Isto ensina-nos que o sucesso verdadeiro vem com o tempo, e é importante manter o foco nos objetivos a longo prazo.

A liderança na Pixar é diferente da liderança tradicional, que muitas vezes se baseia no medo. Catmull e a sua equipa preferem um estilo de liderança baseado em confiança mútua e autonomia. Walt Disney, por exemplo, acreditava nas habilidades da sua equipa e incentivava-os a criar de forma colaborativa. Isto criou um ambiente onde os funcionários se sentiram capacitados para inovar e assumir riscos, o que é fundamental para o sucesso da Pixar. A liberdade criativa, quando acompanhada de responsabilidade, é um dos pilares dessa abordagem.

A Pixar adota um ambiente de aprendizagem contínua, comparando-o com crianças a brincar num parque de areia, onde as experiências e tentativas são valiosas. A empresa criou a Pixar University, um espaço onde todos os colaboradores podem aprender e crescer, partilhando experiências e aprimorando as suas habilidades. O exemplo de Toy Story 2, que passou por um processo de reavaliação e ajustes, mostra como a colaboração e a aprendizagem contínua são essenciais para manter o padrão de qualidade e inovação.

Catmull relata um episódio durante a produção de Toy Story em que enfrentaram a pressão de Jeffery Katzenberg, na altura chefe dos estúdios Walt Disney, para modificar a personalidade de Woody, que originalmente deveria ser um líder simpático, mas que Katzenberg queria mais cruel. A equipa da Pixar resistiu a essas pressões externas, garantindo que a visão original fosse preservada. Isto ensina-nos que a colaboração interna e a coragem de manter a visão criativa é essencial para o sucesso de qualquer projeto inovador.

A Pixar adota uma abordagem que celebra o fracasso, vendo-o como uma oportunidade de aprendizagem. Catmull cita exemplos como o do patinador Tony, filho de Bill, que, ao aprender com as suas quedas, tornou-se um patinador profissional. Na Pixar, o fracasso não é temido, mas sim usado como um "trampolim" para alcançar o sucesso. A inovação verdadeira vem da disposição para falhar e aprender, o que cria um ambiente de criatividade sem restrições.

O ambiente de trabalho na Pixar é projetado para estimular a brincadeira e a interação entre os colaboradores. A diversão no trabalho não é vista como perda de tempo, mas como uma maneira de reduzir a tensão, aumentar a moral e melhorar a produtividade. A disposição estratégica das instalações da Pixar, que incentiva a interação espontânea, e a personalização dos espaços de trabalho, são exemplos de como a empresa promove um ambiente descontraído e criativo.

Catmull sugere várias maneiras de estimular a criatividade, incluindo viagens para procurar inspiração e a contratação de pessoas com habilidades diversificadas. Ele cita como John Lasseter procurou inspiração na Route 66 para Carros, o que mostra como a procura por diferentes perspetivas é fundamental para inovar. Além disso, a Pixar valoriza espaços de trabalho que incentivam a troca de ideias e a experimentação.

É destacado como as regras rígidas e a pressão por resultados rápidos podem sufocar a criatividade. Walt Disney, por exemplo, foi reprimido pelos seus professores, mas isso não o impediu de criar coisas mágicas. A Pixar, ao contrário, promove um ambiente onde a autonomia e a liberdade criativa são mais importantes do que resultados imediatos. Bob Iger e John Lasseter, ao enfatizarem a importância da liberdade criativa, ajudaram a manter a Pixar focada na inovação contínua.

Catmull destaca que a verdadeira qualidade é percebida pelas crianças através do que é real e significativo. O sucesso de Toy Story e Toy Story 2 exemplifica como a Pixar prioriza a qualidade em tudo o que faz. A qualidade é vista como o melhor plano de negócios, e as equipas, compostas por artistas e técnicos, colaboram livremente para criar filmes que tocam o público. A colaboração entre equipas é essencial para alcançar o sucesso e manter altos padrões de qualidade.

O último capítulo destaca como a Pixar cria um "playground" de trabalho, onde a criatividade flui livremente. Com planos detalhados, mas flexibilidade para a inovação, a Pixar combina estrutura com liberdade. Os 16 mandamentos da Pixar, como confiar nas ideias dos colaboradores e celebrar os sucessos, são essenciais para libertar o potencial criativo e alcançar a inovação.

 

Reflexões Finais

Ao longo desta leitura, senti-me inspirada pela filosofia da Pixar de confiar nos seus colaboradores e incentivá-los a experimentar e inovar. Como futura gestora, aprendi que é fundamental construir uma cultura organizacional que valorize a criatividade, a liberdade e a colaboração. A Pixar não só promove a criatividade, mas também a celebra como parte central do seu sucesso. Isso fez-me refletir sobre como posso criar ambientes mais criativos e menos estruturados, tanto na minha vida pessoal quanto profissional.

 

Reflexão Integrativa com a UC - Liderança e Motivação

Ao longo do livro Nos Bastidores da Pixar, é possível perceber claramente como a liderança desempenha um papel fundamental no sucesso da Pixar. Ed Catmull e os líderes da empresa demonstram que, para criar um ambiente criativo e inovador, é necessário adotar uma liderança baseada na confiança, colaboração e autonomia, o que se alinha diretamente com os conceitos discutidos na UC de "Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação". Durante as aulas, foi destacado que a liderança não deve ser autoritária ou punitiva, mas sim inspiradora e motivadora, com líderes que incentivam as suas equipas a explorar novas ideias e arriscar-se sem medo do fracasso. A Pixar exemplifica esse estilo de liderança, com Catmull e outros líderes confiando nos seus colaboradores, permitindo que se sintam empoderados para contribuir com ideias inovadoras e colaborar de forma aberta. Esta abordagem não só motiva as equipas, mas também cria um ambiente onde a criatividade é cultivada de forma contínua. O conceito de liderança motivacional abordado na UC, onde a motivação intrínseca é fundamental para a retenção e o sucesso dos colaboradores, está claramente presente na filosofia da Pixar, que prioriza a confiança mútua e a liberdade criativa, elementos cruciais para o sucesso da empresa.

 

Nos Bastidores da Pixar não é apenas sobre animação, mas sobre como princípios de criatividade, liderança e inovação podem ser aplicados a qualquer área da vida. Saio desta leitura com uma visão renovada sobre a importância de uma cultura organizacional positiva e de sucesso, e como a confiança, a colaboração e a liberdade criativa são as chaves para alcançar esses objetivos.

 

Sobre Mim

O meu nome é Susana Alegria, tenho 22 anos, nascida e criada em Portimão, Algarve. Estou no 2º ano de licenciatura em Gestão de Empresas no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. No futuro sonho em ser Gestora de Marketing de Moda.

 

                       Fig. 3 – Susana Alegria

 

 Referências Bibliográficas

Capodagli, B., & Jackson, L. (2010). Nos bastidores da Pixar: Lições do playground corporativo mais criativo do mundo. Saraiva.

Executive Speakers Bureau. (n.d.). Bill Capodagli. https://www.executivespeakers.com/speaker/bill-capodagli

LinkedIn. (n.d.). Lynn Jackson. Retrieved April 13, 2025, from https://www.linkedin.com/in/lynn-jackson-a561025/

 

Caro/a Leitor, para Citar esta Book Review, use esta referência final:

 

Alegria, S. (2025). Entre Sonhos e Inovações – Book Review de “Nos Bastidores da Pixar” por Susana Alegria. Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2025/04/entre-sonhos-e-inovacoes-book-review-de.html

E-mail: susanaifalegria@gmail.com

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Book Review:“Transformar Pessoas para Transformar Organizações” por Sofia Nobre

 



Book Review: O Principezinho Põe a Gravata
Transformar Pessoas para Transformar Organizações” 


Sobre o Autor


Borja Vilaseca nasceu em Barcelona, a 4 de fevereiro de 1981.  Licenciou-se em Jornalismo e especializou-se em temas de responsabilidade social, liderança em valores e economia consciente. Desde cedo, destacou-se pela sua abordagem humanista e transformadora, focando-se na criação de iniciativas que conectem as pessoas aos seus valores mais profundos.

É o fundador do Mestrado em Desenvolvimento Pessoal e Liderança da Universidade de Economia de Barcelona, um programa pioneiro que visa promover uma liderança consciente e o desenvolvimento do potencial humano. Este mestrado tem como objetivo transformar não apenas os líderes, mas também as organizações, tornando-as mais humanas e sustentáveis. Entre 2007 e 2016, colaborou regularmente com o jornal El País, onde escreveu artigos e reportagens sobre transformação pessoal e organizações conscientes. Através das suas palavras, ajudou a difundir ideias inovadoras sobre autoconhecimento e liderança transformacional. Atualmente, é sócio fundador da consultora Koerentia, uma empresa especializada em autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e liderança organizacional. O foco da consultora é ajudar indivíduos e empresas a alinharem os seus valores com as suas práticas, criando ambientes de trabalho mais significativos e humanizados.

·       Resumo do Livro

O Principezinho Põe a Gravata, de Borja Vilaseca, é uma releitura contemporânea do clássico O Principezinho, mas adaptada ao contexto organizacional. A narrativa é uma crítica poderosa às dinâmicas do mundo do trabalho, onde o capital e os objetivos empresariais frequentemente se sobrepõem aos valores humanos. Inspirada numa reportagem sobre uma consultora com 73 colaboradores, a história destaca o impacto das mudanças implementadas por Pablo, que conseguiu multiplicar os lucros da empresa em 110%. O protagonista, Pablo Príncipe, é um jovem idealista que se encontra num ambiente empresarial típico, onde os colaboradores estão desmotivados, as lideranças são autoritárias e a cultura organizacional está desconectada dos valores fundamentais. A empresa descrita é um reflexo de muitas que conhecemos: focada exclusivamente nos lucros, sem uma estratégia clara de integração dos colaboradores e sem atenção à realização pessoal. Perante esta realidade, Pablo assume o cargo de "Responsável por Pessoas e Valores" e inicia uma transformação cultural baseada no autoconhecimento e na comunicação aberta. Ele organiza uma formação para todos os colaboradores, incluindo os níveis hierárquicos mais altos, criando um espaço seguro para a reflexão coletiva. A formação evidencia que os problemas da empresa não residem nas tarefas ou funções dos colaboradores, mas na falta de empatia, respeito e comunicação eficaz. Gradualmente, a transformação vai-se consolidando: os colaboradores assumem as suas responsabilidades, trabalham em conjunto para melhorar o ambiente organizacional e adotam uma postura proativa em vez de reativa. A mudança, embora lenta, é profunda e impactante. O livro termina com uma mensagem clara e inspiradora: a verdadeira mudança organizacional só é possível quando os valores pessoais se alinham aos valores da empresa.

A Minha Opinião

Ler O Principezinho Põe a Gravata foi uma experiência extremamente enriquecedora e inspiradora. Desde o início, senti-me profundamente envolvida pela jornada de Pablo e pela forma como ele encarou os desafios organizacionais. Este livro é muito mais do que uma crítica ao mundo corporativo, é um convite à introspeção, tanto para líderes como para colaboradores. A simplicidade com que o autor aborda temas complexos é notável. A utilização da gravata como uma metáfora é brilhante, representando as pressões e normas que nos levam a moldar a nossa identidade para nos adaptarmos ao ambiente organizacional. Este símbolo fez-me refletir sobre quantas vezes, no nosso dia-a-dia, colocamos uma "gravata invisível" para corresponder a expectativas externas, mesmo que isso comprometa os nossos valores e autenticidade. Outro aspeto marcante do livro é a ênfase na importância do propósito no trabalho. Em vez de se focar apenas nos lucros, o autor relembra-nos que o trabalho deve ser uma extensão dos nossos valores e uma fonte de significado. Acredito firmemente que o propósito é um dos pilares fundamentais para a motivação e o sucesso a longo prazo. Contudo, algumas soluções apresentadas por Pablo podem parecer demasiado idealistas, especialmente em contextos empresariais mais rígidos ou conservadores. Nem sempre é fácil implementar mudanças culturais profundas, sobretudo quando existem resistências estruturais ou lideranças pouco abertas à transformação. Ainda assim, a mensagem central do livro é clara e universal: a transformação começa dentro de nós. Este ensinamento, quando aplicado ao mundo do trabalho, é uma lição poderosa para todos os que desejam liderar com propósito e humanidade.

Reflexão Integrativa com os Temas da UC

O livro conecta-se profundamente com os conteúdos abordados na unidade curricular de Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional (MIDO). Uma das relações mais evidentes é com o modelo de mudança organizacional de Kurt Lewin, que é aplicado quase de forma intuitiva por Pablo ao longo da narrativa:

  1. Descongelar: Pablo cria um senso de urgência e promove a reflexão interna, despertando os colaboradores para problemas antes ignorados. A formação funciona como o ponto de partida para "descongelar" as barreiras emocionais e culturais existentes.
  2. Alterar: Durante a formação, Pablo introduz novas práticas de comunicação e respeito, demonstrando que é possível agir de forma diferente para alcançar melhores resultados.
  3. Recongelar: As mudanças passam a ser implementadas gradualmente, com os colaboradores a consolidarem as novas práticas no dia a dia e a assumirem maior responsabilidade pelas suas ações.

Outro tema central é a motivação intrínseca, amplamente explorada na teoria de Daniel Pink (Drive). Pablo evita o uso de incentivos externos para motivar os colaboradores e aposta em valores como o propósito, a autonomia e o crescimento pessoal. Esta abordagem é extremamente eficaz, pois vai ao encontro das necessidades mais profundas das pessoas, ajudando-as a encontrar significado no trabalho.

·        A Minha Experiência como Reviewer

Escolhi este livro porque acredito que a gestão de pessoas deve transcender metas e indicadores financeiros, refletindo humanidade e empatia. Enquanto estudante de Gestão de Recursos Humanos, a leitura desta obra foi transformadora, levando-me a refletir sobre o tipo de líder que quero ser no futuro.

A metáfora da gravata fez-me pensar nas vezes em que as pressões externas nos afastam dos nossos valores. Esta reflexão desafiou-me a questionar como posso promover ambientes onde as pessoas sejam valorizadas pela sua autenticidade e criatividade. Quero liderar com respeito, transparência e empatia, seguindo o exemplo de Pablo Príncipe.

Concluo que O Principezinho Põe a Gravata não é apenas uma obra inspiradora, mas também uma ferramenta prática para quem deseja criar organizações mais humanas e sustentáveis. Este livro trouxe-me insights preciosos que levarei comigo para a minha carreira enquanto futura gestora de Recursos Humanos.

·        Sobre Mim

O meu nome é Sofia Nobre, tenho 32 anos e sou estudante de Gestão de Recursos Humanos no ISMAT (www.ismat.pt). Sou apaixonada por desenvolvimento pessoal e acredito que o trabalho deve ser uma extensão dos nossos valores. O meu objetivo é contribuir para a criação de ambientes organizacionais mais humanos, onde as pessoas possam crescer, prosperar e alinhar os seus valores pessoais com os valores das empresas.

Para aprofundar os temas abordados no livro, explorei recursos complementares:

Borja Vilaseca. Site de Borja Vilaseca: Espaço onde o autor partilha insights valiosos sobre desenvolvimento pessoal e liderança consciente. https://borjavilaseca.com

Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Início - ISMAT. https://www.ismat.pt

Madero-Gómez, S., Soto-Ontiveros, C., & Arias-Meza, C. E. (2024). Conociendo la teoría de motivación de Daniel Pink, desde un enfoque cualitativo. Revista Latinoamericana de Psicología, 56(1), 45-58. https://doi.org/xxxxx (Substituir por DOI real, se aplicável)

Vilaseca, B. (2023). O Principezinho põe a gravata (Edição de bolso - Brochado). Fnac.pt. https://www.fnac.pt

Recursos da Harvard Business Review sobre liderança humanizada e práticas sustentáveis.https://hbr.org

Caro/a Leitor, para Citar esta book Review, use esta referência final: 

Nobre, S. (2024). Transformar Pessoas para Transformar Organizações. Book Review Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2024/12/book-review-o-principezinho-poe-gravata.html

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Book Review: O Poder e os Limites das Decisões Intuitivas - by Dina Santos

 Book Review

 

Blink - Decidir num Piscar de Olhos

Book Review: O Poder e os Limites das Decisões Intuitivas


https://www.ismat.pt

https://www.wook.pt/livro/blink-malcolm-gladwell

https://www.youtube.com/watch?v=TGx8rjgdIXk


Biografia do Autor: 

 

       Malcolm Gladwell (1963-), é um escritor, jornalista e palestrante canadiano-britânico, amplamente reconhecido pelas suas contribuições na análise de fenómenos sociais e comportamentais. Nascido em Fareham, Inglaterra, mudou-se ainda criança para o Canadá, onde cresceu em Elmira, Ontário. Licenciou-se em História pela Universidade de Toronto, na Trinity College, em 1984.

Antes de se dedicar à escrita de livros, construiu uma carreira notável como jornalista, trabalhando no The Washington Post, onde cobriu temas de ciência e negócios, e, posteriormente, como editor da revista The New Yorker. A sua experiência jornalística e o interesse pelo comportamento humano moldaram a sua abordagem narrativa, caracterizada pela conjugação de rigor analítico e storytelling acessível.

Autor de várias obras de sucesso, incluindo “The Tipping Point” e “Outliers”, Gladwell popularizou conceitos de psicologia, sociologia e economia comportamental junto do público geral,conjugando rigor analítico com uma narrativa acessível. Além disso, é fundador e apresentador do podcast Revisionist History, no qual revisita eventos históricos e culturais sob novas perspetivas.


Resumo do Livro: 

            "Blink: Decidir num Piscar de Olhos", de Malcolm Gladwell, analisa o poder das decisões rápidas e intuitivas, frequentemente tomadas em frações de segundo. O autor introduz o conceito de thin-slicing (fatiamento fino), que descreve a capacidade do cérebro humano de extrair padrões e conclusões precisas com base numa quantidade limitada de informações. Gladwell argumenta que, em muitos casos, estas decisões intuitivas podem ser tão ou mais eficazes do que aquelas baseadas em análises detalhadas e demoradas.

Para ilustrar as potencialidades e limitações da intuição, Gladwell apresenta uma série de exemplos práticos. Um deles é o caso do reconhecimento quase instantâneo de uma escultura falsa por especialistas em arte, evidenciando como a experiência acumulada permite identificar incongruências subtis. Outro exemplo destacado é o método de John Gottman, que consegue prever com elevada precisão a probabilidade de divórcio ao analisar breves interações entre casais. O autor explora ainda o chamado “Erro de Warren Harding”, um exemplo de como preconceitos inconscientes podem levar a decisões erradas, neste caso, a eleição de um presidente com base na sua aparência imponente e não nas suas competências reais. Para reforçar a ideia dos vieses inconscientes, Gladwell menciona o Teste de Associação Implícita (IAT), que demonstra como as decisões intuitivas podem ser influenciadas por estereótipos e preconceitos subconscientes.

Adicionalmente, Gladwell aborda os perigos associados às decisões rápidas, como o excesso de informação, que pode obscurecer o julgamento, ou a ausência de experiência suficiente, que pode comprometer a fiabilidade da intuição. Por outro lado, sublinha que a especialização é um fator determinante na eficácia das decisões intuitivas, uma vez que permite ao cérebro reconhecer padrões subtis com maior precisão.

O autor conclui que, para tomar decisões rápidas mais eficazes, é essencial treinar a intuição, simplificar os dados disponíveis e reconhecer os vieses cognitivos que podem influenciar o processo. Assim, "Blink" não só oferece uma reflexão sobre o papel da intuição, como também propõe estratégias para potenciar o seu uso em diferentes contextos.


Opinião Pessoal sobre o Livro: 

O livro "Blink: Decidir num Piscar de Olhos", apresenta uma proposta inicial promissora ao explorar o papel da intuição e do subconsciente na tomada de decisões rápidas e eficazes. A obra destaca-se, num primeiro momento, pela linguagem acessível e envolvente, que facilita a leitura e a torna cativante mesmo para um público sem formação académica aprofundada. O uso de diversos exemplos interessantes, como o reconhecimento instantâneo de uma escultura falsa ou a previsão de divórcios por John Gottman, enriquece a narrativa e desperta a curiosidade do leitor. Estes elementos conferem à leitura um ritmo fluído e promovem uma maior consciência sobre a importância da intuição no processo decisório.

No entanto, à medida que a leitura avança, o impacto inicial da obra é enfraquecido por uma repetição temática evidente. Gladwell explora as mesmas ideias sob diferentes perspetivas, mas sem adicionar profundidade ou novas informações substanciais. Esta abordagem resulta numa leitura por vezes monótona e num desenvolvimento argumentativo pouco robusto. Embora o autor defenda que a intuição pode ser treinada e refinada para melhorar a qualidade das decisões rápidas, a obra carece de estratégias concretas ou de orientações práticas que permitam aplicar os conceitos apresentados à vida quotidiana.

Outro aspeto que limita o impacto da obra é a aparente desconexão entre muitos dos exemplos utilizados. Embora sejam intrigantes de forma isolada, faltam ligações consistentes que os enquadrem num argumento coeso. Além disso, o livro apresenta uma certa ambiguidade ao abordar a intuição: enquanto argumenta que decisões rápidas podem ser eficazes, reconhece que estas só são fiáveis quando baseadas em elevada experiência e especialização. Um exemplo claro é o trabalho de John Gottman, cuja capacidade de prever divórcios em segundos depende de décadas de investigação e não de uma intuição generalista. Esta contradição levanta dúvidas sobre a aplicabilidade universal dos conceitos apresentados, uma vez que o autor não esclarece quando é adequado confiar na intuição e quando é necessário recorrer à análise racional.

Como leitora, embora tenha encontrado momentos interessantes e adquirido uma maior consciência sobre a importância da intuição e dos sinais subtis que moldam as decisões, senti que a leitura não trouxe uma transformação significativa. O livro não correspondeu às minhas expectativas de uma abordagem mais profunda e prática. Prefiro obras que explorem os temas de forma mais detalhada ou que ofereçam ferramentas concretas para o dia a dia. Assim, "Blink" deixou-me com a sensação de que, apesar de uma introdução cativante e de exemplos apelativos, a obra não conseguiu alcançar o seu pleno potencial enquanto guia para a compreensão e utilização eficaz da intuição.


Reflexão Integrativa com os Conteúdos da UC:

O livro "Blink: Dicidir num Piscar de Olhos" estabelece uma relação significativa com os temas abordados na unidade curricular Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional, especialmente nas áreas da tomada de decisão, resolução de problemas, gestão de equipas e desenvolvimento de competências intuitivas em contextos organizacionais.

Um dos conceitos centrais do livro, o thin-slicing (fatiamento fino), revela-se particularmente relevante para cenários de mudança e de complexidade, frequentemente enfrentados nas organizações. Esta capacidade de extrair padrões relevantes a partir de dados limitados pode ser essencial no diagnóstico organizacional, na gestão de crises e na avaliação de desempenho. Assim, o thin-slicing complementa os métodos mais analíticos abordados na disciplina, evidenciando que decisões rápidas e intuitivas, quando baseadas em experiência e conhecimento, podem ser eficazes na gestão da complexidade.

Outro aspeto central do livro que se relaciona com a unidade curricular é a discussão sobre o impacto dos preconceitos inconscientes na tomada de decisão. Este tema tem implicações diretas para áreas-chave da gestão de Recursos Humanos, como recrutamento, seleção, promoção e avaliação de desempenho. A sensibilização para estes vieses é essencial para implementar práticas mais equitativas e justas nas organizações, contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura organizacional mais inclusiva. Como futuras gestoras de RH, um dos nossos papéis é identificar e mitigar a influência de preconceitos inconscientes, promovendo processos decisórios mais imparciais e alinhados com os valores de diversidade e justiça.

Ao apresentar a intuição como um complemento às abordagens racionais e analíticas, o livro reforça a importância de integrar diferentes perspetivas no processo de tomada de decisão. Esta visão holística é fundamental para enfrentar os desafios organizacionais contemporâneos, onde o equilíbrio entre rapidez, precisão e imparcialidade é indispensável para alcançar resultados eficazes e sustentáveis.


A Minha Experiência como Leitor e Reviewer:

Como leitora e reviewer, a minha experiência com este livro começou por recomendação da professora, uma vez que não tinha conhecimento prévio nem da obra nem do autor. As primeiras páginas cativaram-me pela clareza da escrita e pela abordagem interessante à intuição e à tomada de decisão, o que me motivou a prosseguir a leitura. No entanto, ao longo do livro, fui sentindo alguma desilusão, pois esperava uma abordagem mais prática e orientada para estratégias concretas que pudessem ser aplicadas no dia a dia. Ainda assim, a leitura proporcionou-me uma maior consciência sobre a importância das decisões intuitivas, levando-me a refletir sobre o meu próprio processo decisório, que até agora tende a ser excessivamente racional.

Esta nova perspetiva ajudou-me a valorizar a intuição como um complemento importante ao raciocínio lógico, o que será particularmente relevante para a minha futura prática como gestora de recursos humanos. Compreender os vieses inconscientes descritos no livro também é uma lição valiosa, uma vez que estes poderão influenciar decisões críticas em áreas como o recrutamento, a avaliação de desempenho e a gestão de equipas. Apesar das limitações que identifiquei na obra, reconheço que ela contribuiu para um maior autoconhecimento e para a preparação de ferramentas internas que me ajudarão a tomar decisões mais equilibradas e eficazes no contexto organizacional.


Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos

Ano letivo 2024/2025

UC: Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional

Docente: Patrícia Araújo

Discente: Dina Santos

Email: diinnass@gmail.com


    Gestão de Empresas, 2ºano – Ano letivo: 2024/2025 UC: Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação - 2º Semestre Docentes: Dout...