António Estanqueiro, natural de Ponte de Vagos, concelho de Vagos, é licenciado em Filosofia e detentor do curso de Teologia. É professor de Psicologia, Filosofia, formador de professores, pais e líderes com mais de 35 anos de experiência.
Enquanto autor, conta neste momento com cinco livros lançados entre eles o livro escolhido “Saber Lidar com as Pessoas”, para além dos livros: “99 Histórias de Sabedoria”, “Dicionário Breve de Filosofia”, “Comunicar com os Filhos” e “Boas Práticas na Educação” no total com mais de 150 mil exemplares vendidos.
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O livro escolhido trata-se de um guia prático sobre princípios da comunicação interpessoal que pode ser lido por qualquer pessoa que tenha interesse em criar e manter relações saudáveis ao seu redor, seja na sua vida familiar, social e/ou profissional.
Diversos estudos confirmam a importância da qualidade das relações interpessoais para o sucesso seja ele pessoal ou profissional e para a felicidade.
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A estrutura do livro divide-se em três partes que se complementam entre si:
(a) A Relação Consigo Mesmo – onde são abordados temas como o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança, a autonomia e a responsabilidade enquanto características do desenvolvimento pessoal;
(b) A Relação com os Outros – onde são abordados temas como o diálogo, a escuta ativa, a sabedoria das perguntas e a arte de falar;
(c) Liderança e Relações Humanas – onde integra algumas propostas de ação sobre liderança.
O autor começa por iniciar os capítulos do livro com frases inspiradoras, seguindo essa mesma linha ao longo do texto evocando muitas vezes personalidades inspiradoras e filosofias de vida. Dá exemplos práticos ao longo dos capítulos facilitando o relacionamento dos conceitos e das teorias com a realidade e dicas que podem ser aplicadas no dia a dia.
Na primeira parte do livro, “A Relação Consigo Mesmo” o autor começa por evocar Sócrates citando o seu lema: “Conhece-te a ti mesmo”.
Tendo por base o autoconhecimento como parte fundamental para o desenvolvimento de outras competências, é necessário que cada indivíduo efetue ao longo da sua vida momentos de auto-observação e introspeção. Desta forma, conseguirá saber mais sobre si próprio, a sua forma de pensar, as suas ações e antever e/ou evitar potenciais comportamentos/atitudes.
As opiniões das pessoas ao redor devem ser ouvidas com “abertura de espírito” pois existem características, capacidades e limitações que são mais claras aos olhos dos outros do que interiormente por nós próprios. Sendo que, nunca conheceremos a nossa personalidade a 100%.
A autoestima, enquanto escudo ajuda a relativizar a importância das críticas e atua como veículo para o desenvolvimento saudável de boas relações com os outros. Através de:
(a) autoaceitação (aceitando as nossas fraquezas e desenvolvendo as forças);
(b) autovalorização (podendo adotar estratégias como uma lista das nossas qualidades pessoais das quais nos orgulhamos);
(c) relativização das críticas (quando injustas – reagir com equilíbrio emocional; quando justas e construtivas – aproveitar enquanto oportunidade de crescimento).
A autoconfiança, tem um papel muito importante na conquista do sucesso. Ao acreditarmos em nós próprios, pensando positivo, desenvolvendo atitudes positivas e adotando uma postura de segurança autoconfiante, estamos a programar a nossa mente a acreditar que é possível! O que na prática nos vai levar a agir de acordo com essa crença.
A autonomia e a responsabilidade são competências essenciais no rumo das nossas ações. Somos responsáveis pelo nosso futuro e pelo atingimento dos nossos objetivos, priorizando do mais importante para o menos importante e do mais urgente para o menos urgente.
É importante estarmos preparados para errar. Persistir, avaliar o que correu mal, assumir os erros, aprender com os mesmos e nunca desistir é essencial para o nosso crescimento pessoal e profissional.
Compreendida e efetuada a reflexão sobre nós próprios, a nossa personalidade, os nossos princípios e valores, os nossos comportamentos e atitudes, e as nossas motivações e necessidades, é tempo de avançar para a segunda parte do livro “A Relação com os Outros”.
Cada ser humano é único e diferente dos demais, porém todos temos necessidades em comum como explica a Pirâmide das Necessidades de Maslow. Necessidades essas que podem ser sentidas em diferentes momentos da vida e de modos diferentes. Tal como as reações, comportamentos e atitudes às situações são naturalmente diferentes de pessoa para pessoa.
Nesse sentido, é importante que antes de qualquer julgamento tentemos compreender as motivações e a forma de pensar do outro tal como estudado por Daniel Goleman aquando dos seus estudos sobre Inteligência Emocional e reforçado pelo autor deste livro no decorrer do mesmo: “A compreensão gera confiança e aproxima as pessoas” (Estanqueiro, 2019, p. 57)
A compreensão enquanto base para o desenvolvimento de relações saudáveis vai permitir uma melhor gestão de situações difíceis como é o caso dos conflitos (naturais e inevitáveis, mas geradores de pontos de vista diferentes) através do autocontrolo, adotando uma postura calma e assertiva e estratégias de comunicação tendo por base o respeito mútuo, o diálogo, a escuta ativa e a negociação.
Ouvir antes de falar, demonstrar respeito pelo outro, saber fazer perguntas e adotar uma linguagem clara, acessível e adequada ao destinatário e ao contexto abre caminho à negociação e ao diálogo com vista ao encontro de uma solução eficaz e de compromisso que permita conciliar os interesses de ambas as partes através naturalmente de cedências de ambos.
Considerando que a linguagem pode originar equívocos, é importante que tenhamos consciência das nossas palavras e do poder das mesmas sobre o outro, sendo cautelosos, claros, honestos, convictos, porém humildes e oportunos.
Contudo, a linguagem não verbal é também importante no reforço da mensagem que queremos transmitir devendo ser equilibrada e coerente. Como um sorriso verdadeiro, o contacto visual, o tom de voz calmo e firme, acompanhados de gestos descontraídos revelando confiança e credibilidade.
O autoconhecimento, a empatia e o autocontrolo são características essenciais num líder, (não esquecendo o conhecimento técnico). Como tal, compreendida e conhecida a importância das mesmas é tempo de avançar para a terceira e última parte do livro “Liderança e Relações Humanas”.
Um líder é aquele que detém a capacidade de influenciar os outros formal ou informalmente a fazer algo que não fariam se não fossem estimulados, com vista ao atingimento de um determinado objetivo.
A complexidade e a diversidade das situações podem influenciar o estilo de liderança a adotar, assim como as pessoas lideradas (dependendo das suas competências individuais e das tarefas que têm de realizar) e do número de elementos da equipa.
Contudo, a flexibilidade e o bom senso devem estar sempre presentes na adoção do estilo de liderança escolhido e de cada postura adotada.
Por fim, é importante que o líder motive os seus liderados procurando conhecer cada um deles e adotando estratégias motivadoras como a valorização através de elogios sinceros quando existe um bom desempenho com resultados positivos ou quando os resultados não foram os esperados, mas houve um bom esforço da parte do liderado/ equipa.
Um sorriso, um olhar ou um gesto por vezes são o suficiente para sentirmos a aprovação e o apoio do nosso líder.
Assim como, as repreensões construtivas, proporcionais ao acontecimento e à responsabilidade da pessoa e aplicadas no momento certo, são igualmente importantes para promover o progresso e o melhoramento e evitar a repetição dos mesmos erros.
É fundamental que seja indicado o erro concreto e a forma correta de agir!
No final, o autor reserva os últimos capítulos para algumas sugestões de leitura, exercícios de autoconhecimento e provérbios portugueses que abordam o tema.
“Não podemos mudar os outros. Mas podemos mudar-nos a nós próprios”
(Estanqueiro, 2019, p. 121)
A minha experiência...
Apesar de estar no meu último ano de licenciatura em que abordamos temas sobre gestão de pessoas e os seus comportamentos de uma forma aprofundada, penso que nunca é demais lermos e relembrarmos pequenas atitudes e pensamentos práticos que podem fazer toda a diferença. Sendo a comunicação interpessoal uma capacidade essencial dentro das organizações seja enquanto colegas, chefias, lideres e liderados é importante que as empresas apostem em formações sobre o tema enquanto método de intervenção e desenvolvimentos dos trabalhadores.
Enquanto reviewer, é um livro de fácil leitura, com escrita clara e percetível a qualquer leitor com interesse pelo tema ou simplesmente com vontade atingir uma melhor versão de si próprio e melhorar o seu relacionamento com os outros a longo prazo.
Em suma, acredito que o princípio geral para saber lidar com cada pessoa enquanto sujeito singular é conhecer-nos a nós próprios, estarmos cientes dos nossos pontos fortes e das nossas fraquezas e acreditarmos na mudança e na melhoria contínua de nós próprios.
Sermos empáticos e desenvolver capacidades de inteligência emocional é fundamental para enfrentarmos as situações da melhor forma e sabermos lidar com os outros.
Sobre mim:
O meu nome é Ana Rita Pinto, tenho 26 anos e sou finalista da licenciatura em Gestão de Recursos Humanos. A área da gestão de pessoas e em particular a capacidade de compreender e de influenciar de forma positiva as pessoas sempre foi um tema que me interessou. Nesse sentido, penso que nunca é demais estudarmos e aprofundarmos estes temas.
ritapinto422@gmail.com
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Caro leitor/a, para citar esta Book Review use esta referência no final:
Pinto, A. (2022). A eterna pergunta: Como lidar com as pessoas?. Book Review Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com