segunda-feira, 5 de maio de 2025

O Poder e os Perigos do Pensamento Rápido em “Blink- Decidir num piscar de olhos” - Book Review

 

Licenciatura em Gestão de Empresas - Ano Letivo 2024/2025 

UC: Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação - 2º Ano - 2º Semestre 

Docente: Patrícia Araújo 

 

O Poder e os Perigos do Pensamento Rápido em Blink- Decidir num piscar de olhos” - Book Review  



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Fig. 1: Capa do livro Blink- Decidir num piscar de olhos  

 

Discente: Angel Bandesha – a22303180 



Biografia do autor: 

     Malcolm Gladwell é um escritor, jornalista e palestrante canadiano-britânico, amplamente conhecido pelas suas obras que investigam tópicos de psicologia, sociologia e comportamento humano com uma narrativa envolvente e acessível. Nasceu em 3 de setembro de 1963, em Fareham, na Inglaterra, mas foi criado em Ontário, no Canadá. É descendente de uma psicoterapeuta jamaicana e de um acadêmico britânico.  

     Ganhou notoriedade mundial com os seus livros de não-ficção entre os quais se destacam The Tipping Point, Blink, Outliers, David and Goliath e What the Dog Saw tornando-se uma das vozes mais influentes na análise do comportamento humano e da sociedade contemporânea. 

     Gladwell começou sua trajetória profissional como repórter no The American Spectator e depois no Washington Post, onde abordou assuntos relacionados à ciência e ao setor empresarial. Desde 1996, trabalha como redator na renomada revista The New Yorker. 

     Além de ser um escritor, Gladwell é famoso pelo seu podcast Revisionist History, no qual reexamina acontecimentos e conceitos que, na sua opinião, foram mal interpretados ou esquecidos.  

     O seu estilo combina pesquisa científica com narrativas pessoais e sociais, facilitando a compreensão de temas complexos para o público em geral. Malcolm Gladwell permanece como uma das vozes mais impactantes na área da análise cultural atual.  

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Fig. 2- Malcolm Gladwell 

 

Resumo do livro: 

     Blink: Decidir num piscar de olhos”, de Malcolm Gladwell, é uma obra de não-ficção que explora o poder do pensamento rápido e das decisões intuitivas. Malcolm Gladwell defende que, muitas vezes, somos capazes de tomar decisões certas em apenas um piscar de olhos, antes mesmo de conseguirmos explicar racionalmente o porquê. Esta forma de julgamento instantâneo, conhecida como thin-slicing, baseia-se na nossa capacidade de extrair conclusões a partir de pequenos fragmentos de informação. 

     O livro começa com um caso emblemático: uma escultura antiga comprada por um museu, que parecia legítima segundo testes científicos. No entanto, especialistas em arte desconfiaram da sua autenticidade num simples olhar. Estavam certos. Este exemplo serve para introduzir a ideia de que o nosso inconsciente capta sinais subtis que a mente racional pode ignorar.  

     Ao longo dos capítulos, Gladwell apresenta vários exemplos e estudos para ilustrar como estas decisões rápidas funcionam e quando podem ser fiáveis. Um dos casos mais marcantes é o do psicólogo John Gottman, que consegue prever com grande precisão se um casal irá manter a relação, observando apenas alguns minutos da sua interação. Ele baseia-se em sinais não verbais, como o tom de voz, o desprezo ou a evasão, mostrando que a linguagem corporal e emocional transmite mais do que pensamos. 

      Contudo, nem todos os julgamentos instantâneos são positivos. O autor dedica um capítulo a Warren Harding, um presidente norte-americano eleito sobretudo pela sua aparência, embora fosse incompetente. Este exemplo serve para mostrar como preconceitos e estereótipos podem corromper o nosso pensamento intuitivo. 

     Gladwell também destaca situações onde a decisão rápida é essencial. Num exercício militar, o general Paul Van Riper derrota uma força tecnologicamente superior usando apenas o instinto e a experiência, sem recorrer a análises complexas. Isto demonstra que, em ambientes caóticos e de alta pressão, o instinto pode ser mais eficaz do que a análise racional, mas apenas se a pessoa estiver devidamente preparada. 

     Por outro lado, o autor analisa falhas deste tipo de pensamento, como nos testes de gosto entre Pepsi e Coca-Cola. Mostra que preferências momentâneas não refletem necessariamente escolhas de longo prazo. O caso do músico Kenna também ilustra como talentos fora do convencional são prejudicados por julgamentos rápidos que não lhes dão tempo para serem compreendidos. 

     Num dos capítulos mais fortes, Gladwell analisa casos de violência policial, mostrando como decisões precipitadas, em contextos de medo e stress, podem ser fatais. Sublinha a importância do treino emocional para que o pensamento rápido não se torne perigoso. 

     O livro termina com uma reflexão sobre inteligência emocional, empatia e a forma como lemos o comportamento dos outros. Gladwell conclui que, embora o pensamento rápido seja poderoso, devemos aprender quando confiar nele e quando o questionar. 

 

 

Opinião pessoal: 

     Blink é um daqueles livros que parece prometer uma revelação: a ideia de que os nossos julgamentos instantâneos, os chamados "dois segundos", podem ser tão (ou mais) fiáveis do que decisões pensadas durante horas ou dias. E, de facto, Gladwell cumpre essa promessa em parte. O livro é importante porque trouxe à conversa pública um conceito fascinante: o poder e os perigos do pensamento rápido. Fez-nos parar e considerar como funcionam os nossos instintos, o que, por si só, já é um mérito. 

      Mas a leitura de Blink não é fácil. Não porque o tema seja complexo, mas porque a apresentação se torna repetitiva e, por vezes, cansativa. Gladwell tende a martelar as mesmas ideias, ilustrando-as com múltiplas histórias que, embora interessantes por si só, acabam por parecer variações da mesma nota. A certa altura, começamos a pensar que o livro podia ter sido um ensaio, e o impacto teria sido o mesmo, talvez até mais eficaz. 

     O que me cativou mais em Blink foi a ideia da intuição, esse saber imediato que muitas vezes sentimos antes de conseguirmos explicá-lo racionalmente. Foi esse o aspeto que despertou mais o meu interesse ao longo da leitura e que, sinceramente, gostaria que tivesse sido explorado com mais profundidade. A intuição surge como um fenómeno intrigante, com um potencial imenso para ser debatido, questionado e até contrariado, mas Gladwell parece preferir manter-se à superfície, usando-a mais como ponto de partida do que como objeto real de investigação. 

     Além disso, pessoalmente, prefiro uma abordagem mais subtil, que confie mais no leitor. Gosto de metáforas que me desafiem, que me deixem espaço para pensar e chegar à conclusão por mim. Em Blink, Gladwell guia-nos com mão firme, quase paternal, até à conclusão que quer que tiremos. É como se nos dissesse: "Olhem, vejam bem este ponto... aqui está a prova, e aqui está mais uma, e outra..." e isso retira um pouco da beleza da descoberta. 

      Em resumo, Blink teve o mérito de nos fazer pensar sobre o poder do julgamento instantâneo, mas fá-lo de uma forma algo insistente e pouco subtil. Foi um livro importante, mas não um livro brilhante. 

 

Reflexão Integrativa com a UC - Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação 

     Blink de Malcolm Gladwell destaca a importância dos julgamentos rápidos, sugerindo que as decisões tomadas em segundos podem ser surpreendentemente precisas. No entanto, ao analisar a relação com técnicas de negociação, liderança e motivação, vejo que o livro falha ao não explorar suficientemente a complexidade desses processos. Na negociação, a confiança excessiva na intuição, como é sugerido em Blink, pode ser arriscada, já que a análise profunda das dinâmicas envolvidas é crucial para decisões eficazes. Na liderança, embora a capacidade de tomar decisões rápidas seja importante, Gladwell não aborda os riscos de depender demasiado da intuição em contextos complexos. Em termos de motivação, o livro não explora a fundo as motivações internas e as influências emocionais que realmente nos movem. A repetição constante de exemplos no livro também limita a reflexão mais crítica sobre o tema. 

     Em resumo, Blink oferece uma visão interessante, mas sua abordagem simplista e repetitiva não é suficiente para fornecer uma compreensão completa das dinâmicas de negociação, liderança e motivação, áreas que exigem um equilíbrio entre intuição e análise mais profunda. 

 

Sobre mim: 

     O meu nome é Angel Bandesha, tenho 19 anos, sou filha de imigrantes indianos e vim para Portugal com 4 anos. Aos 16 anos, obtive a nacionalidade portuguesa. Atualmente frequento o segundo ano da Licenciatura em Gestão de Empresas no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Embora ainda não tenha uma decisão definitiva sobre o caminho que quero seguir após a licenciatura, tenho interesse em aprofundar uma área que me permita ter um impacto positivo no mundo.

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Fig. 3- Angel Bandesha 

Referências bibliográficas: 

Gladwell, M. (2005). Blink: The power of thinking without thinking. Little, Brown and Company. 

Krznaric, R. (2012, December 3). The power of outrospection [Video]. RSA. https://youtu.be/UBVV8pch1dM 

Kakutani, M. (2005, January 16). Blink: Hunch power. The New York Times. https://www.nytimes.com/2005/01/16/books/review/blink-hunch-power.html 

Gladwell, M. [@malcolmgladwell]. (n.d.). Instagram profile. Instagram. https://www.instagram.com/malcolmgladwell/ 

 

Caro/a Leitor, para Citar esta Book Review, use esta referência final: 

  

Bandesha, A. (2025).  – Entre o Instinto e o Erro: O Poder e os Perigos do Pensamento Rápido em Blink Book Review de “Blink- Decidir num piscar de olhos” por Angel Bandesha. Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2025/05/entre-o-instinto-e-o-erro-o-poder-e-os.html 

 

 

 

Pode a Alegria Ser Treinada? Uma Book Review ao Livro «Alegria Todo o Dia», por Raquel Rodrigues

 

Licenciatura em Gestão de Empresas - Ano Letivo 2024/2025

UC: TNLM - 2º Ano - 2º Semestre

Docente: Patrícia Araújo

 

 

 

 

 

 

Pode a Alegria Ser Treinada? Uma Book Review ao Livro «Alegria Todo o Dia», por Raquel Rodrigues

 

 

 

 

 

 

 

 

Discente:

Raquel Rodrigues- a22305085

Bibliografia do autor

Chade-Meng Tan, mais conhecido como Meng, é um engenheiro, autor e praticante de mindfulness nascido em Singapura. Tornou-se amplamente conhecido pelo seu trabalho na Google, onde foi um dos primeiros engenheiros e mais tarde criou o curso “Search Inside Yourself”, voltado para o desenvolvimento da inteligência emocional e bem-estar através da meditação e da atenção plena. Meng tem uma formação académica em engenharia informática e é também conhecido pela sua missão pessoal de promover a paz mundial, um sorriso de cada vez. Com um estilo descontraído e bem-humorado, ele alia a ciência, a espiritualidade e técnicas práticas de mindfulness para ajudar pessoas a cultivarem a felicidade e a compaixão no dia a dia.


Figura 1 - Chade-Meng Tan

Alegria Todo O Dia

O livro Alegria Todo o Dia, da autoria de Chade-Meng Tan, foi publicado em março de 2017. Nesta obra, Meng propõe uma abordagem prática e acessível para cultivar a alegria interior, mesmo nas rotinas mais agitadas. Através de técnicas simples e curtas, que podem ser facilmente incorporadas no quotidiano, o autor defende que a felicidade não depende de fatores externos, mas pode ser treinada e desenvolvida de forma intencional. A sua proposta assenta numa combinação entre ciência, espiritualidade e experiência pessoal, sempre com um tom leve e bem-humorado, que visa tornar a prática da atenção plena algo natural e eficaz no combate ao stress e à insatisfação. A principal intenção do autor é mostrar que é possível viver com mais leveza e bem-estar, bastando para isso redirecionar a atenção e cultivar a mente com pequenas práticas diárias.

A meu ver, «Alegria Todo o Dia» é uma leitura valiosa e inspiradora, que cumpre com êxito o objetivo de mostrar que é possível alcançar o bem-estar e serenidade mesmo em contextos desafiantes. O autor transmite a sua mensagem com clareza, acessibilidade e autenticidade, oferecendo ferramentas e exercícios concretos para uma transformação positiva do estado emocional e mental. Assim, considero que esta obra tem mérito não só como guia prático, mas também como reflexão sobre a forma como conduzimos a nossa atenção e cultivamos a felicidade interior.



                                                                       Figura 2 - Alegria Todo O Dia

Neste livro o autor parte do princípio de que a alegria é uma capacidade inata que todos os seres humanos possuem, mas que muitas vezes se encontra adormecida devido ao ritmo acelerado da vida moderna e à constante distração mental. A proposta central da obra consiste em reativar essa capacidade através de exercícios simples e acessíveis, que podem ser praticados em poucos minutos por dia.

O livro está estruturado de forma progressiva: O autor começa por explicar como pequenas práticas de atenção plena podem gerar momentos espontâneos de alegria e bem-estar. Em seguida, aprofunda os benefícios científicos da meditação, apoiando-se em estudos de neurociência, psicologia positiva e experiências pessoais. O autor também oferece ferramentas e exercícios práticos para lidar com emoções negativas, desenvolver gratidão, empatia e compaixão tudo com o objetivo de tornar a alegria num estado natural e duradouro.

Ao longo da obra, destaca-se o tom descontraído e bem-humorado do autor, que combina ensinamentos profundos com uma linguagem leve e acessível. A sua mensagem é clara: todos podemos treinar a mente para ser mais feliz, independentemente das circunstâncias externas.

A proposta de «Alegria todo o dia» distingue-se por aliar conceitos científicos a práticas contemplativas de forma clara e acessível. Chade-Meng Tan não se limita a apresentar teorias abstratas sobre a felicidade, mas oferece ferramentas práticas que o leitor pode aplicar no seu dia a dia. Esta abordagem é um dos pontos fortes da obra, especialmente numa sociedade marcada pelo stress e pela distração constante.

Um dos exercícios práticos que me despertou mais interesse está na página 92 e chama-se « Explorando formas de assentar a mente», é uma prática curta, de cinco minutos que nos possibilita a calma e serenidade, é um exercício de respiração, com o objetivo de descansar a mente, podemos fazê-lo em qualquer sítio desde que estejamos serenos e relaxados. Tirar estes cinco minutos diários, pode fazer total diferença no decorrer do nosso dia.

Outro aspeto positivo é o estilo comunicativo do autor. Meng recorre frequentemente ao humor, à autoironia e a histórias pessoais, o que torna a leitura leve, envolvente e muitas vezes divertida. Este tom informal aproxima o autor do leitor, contribuindo para a criação de um espaço de confiança, onde a transformação interior parece possível e realista. No entanto, essa leveza pode também ser vista como uma fragilidade, já que, por vezes, simplifica em demasia questões complexas ligadas à saúde mental e à espiritualidade.

O autor afirma que bastam entre 50 a100 horas de prática para que um meditador comece a ver benefícios com importância suficiente para poderem mudar a sua vida, esta prática tem que ser realizada de forma persistente e paciente, mas com uma garantia da melhoria do bem-estar individual.

De forma geral, Alegria Todo o Dia é uma obra que oferece um contributo relevante para o campo de desenvolvimento pessoal, ao defender que a alegria pode ser cultivada através de pequenas mudanças na forma como direcionamos a atenção. A sua proposta pode não resolver todos os dilemas da vida moderna, mas convida a um olhar mais gentil e consciente sobre nós mesmos e sobre o mundo, o que por si só já constitui um passo valioso.

Excertos selecionados

A seguir, apresento alguns excertos da obra Alegria Todo o Dia que considero particularmente relevantes, por refletirem as ideias principais do autor e enriquecerem a reflexão sobre o tema da felicidade:

  • «Um estudo muito importante de 1978, por exemplo, mostra que tanto as pessoas que ganharam muito dinheiro na lotaria como as que ficaram paralisadas em acidentes conseguiram regressar aos seus níveis médios de felicidade.» (p. 12)
  • «Um estudo de 1996, que avaliou gémeos, sugeria que metade da nossa felicidade está associada à nossa matriz genética.» (p. 12)
  • «O equivalente mental do exercício físico é a meditação.» (p. 13)
  • «São três práticas que levam à felicidade: relaxar, inclinar e elevar.» (p. 18)
  • «Posso garantir-vos que, quando conseguirem fazer estas três coisas... o que parece doloroso sê-lo-á menos, o que é neutro tornar-se-á prazenteiro e a felicidade será ainda mais feliz.» (p. 21)
  • «Se foi infeliz, ou se é feliz e aspira a ser ainda mais feliz, saiba que o seu ponto de felicidade pode ser melhorado. Sei disto porque fiz e vi muitos outros fazê-lo no programa de treino mental que eu ensinava na Google.» (p.23)
  • «É isto a preguiça sábia.» (p.66)
  • « «A lei de Bushnell» diz que todos os bons jogos são fáceis de aprender mas difíceis de dominar» (p. 71)

Estes excertos ilustram bem a essência do pensamento de Chade-Meng Tan, revelando a sua confiança de que a alegria é um estado treinável e acessível a qualquer pessoa disposta a trabalhar intencionalmente o seu mundo interior.

Relação do livro com a UC

Embora o livro, à primeira vista, seja um livro sobre mindfulness e felicidade pessoal, as suas ideias estão diretamente relacionadas com os conceitos fundamentais da disciplina de Técnicas de Negociação, Motivação e Liderança. Chade-Meng Tan enfatiza a importância de cultivar um estado emocional equilibrado e uma mente focada, elementos essenciais tanto na liderança quanto na negociação.

Na área de negociação, por exemplo, a capacidade de manter a calma, controlar  emoções e manter uma mentalidade positiva é crucial para alcançar acordos vantajosos e resolver conflitos de forma eficaz. As práticas de mindfulness sugeridas, como a meditação e as três práticas para a felicidade (relaxar, inclinar e elevar), podem ser ferramentas poderosas para melhorar a comunicação e a tomada de decisão durante uma negociação, ajudando os indivíduos a estarem mais presentes e centrados, sem se deixarem levar por impulsos ou frustrações momentâneas.

Em termos de motivação, o livro oferece pontos de vista valiosos sobre como a felicidade e a motivação interna podem ser cultivadas, mesmo em situações adversas. A ideia de que podemos treinar a nossa mente para reagir positivamente às situações, seja no trabalho ou noutros aspetos da vida, é uma base forte para a motivação pessoal e coletiva, fundamental na liderança eficaz. A capacidade de liderar a partir de uma perspetiva de bem-estar e empatia, promovendo um ambiente positivo e motivador, está alinhada com as práticas defendidas pelo autor.

Por fim, no contexto de liderança, o autor sugere que a verdadeira liderança envolve a capacidade de transformar a mentalidade das pessoas, mostrando-lhes como alcançar a felicidade e o equilíbrio interno, o que, por sua vez, reflete na melhoria do desempenho coletivo. Líderes que praticam mindfulness e cuidam do seu estado emocional são mais eficazes em inspirar confiança, tomar decisões ponderadas e influenciar positivamente os outros. O autor, ao focar no cultivo da compaixão e da serenidade, oferece uma base sólida para uma liderança mais humanizada e eficaz.

Porque escolhi este livro?

Escolhi este livro porque me despertou curiosidade a proposta de que a felicidade é algo que pode ser treinado, quase como um músculo mental. A leitura foi surpreendentemente leve, acessível e, ao mesmo tempo, repleta de ideias com potencial transformador. Durante a leitura, senti-me muitas vezes desafiado a repensar a forma como lido com o stress, com a atenção e até com as minhas próprias emoções. A simplicidade com que Chade-Meng Tan apresenta práticas de meditação e mindfulness tornou evidente que não é preciso recorrer a métodos complexos para melhorar a nossa qualidade de vida – basta começar, com consistência e intenção.

Esta reflexão levou-me a considerar, de forma mais profunda, o papel da saúde mental e do bem-estar emocional no contexto profissional. Como futura gestora, reconheço agora com mais clareza a importância de promover ambientes de trabalho saudáveis, onde práticas como a atenção plena e o autocuidado não sejam vistas como extras, mas sim como parte da cultura organizacional. Acredito que líderes mais conscientes, calmos e empáticos são também líderes mais eficazes. Este livro não só me inspirou a aplicar algumas das técnicas no meu dia a dia, como também reforçou a convicção de que o bem-estar individual é essencial para o sucesso coletivo dentro das organizações.

 


 

Raquel Rodrigues

Email: raqueldscfr2004@gmail.com

Sou estudante do 2.º ano da Licenciatura em Gestão de Empresas no ISMAT – Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Dou particular importância à saúde mental como base para o bem-estar pessoal e profissional, e acredito que uma gestão eficaz começa pelo cuidado com as pessoas. Esta Book Review reflete não só uma leitura académica, mas também um percurso de crescimento pessoal.




Figura 3 - Raquel Rodrigues


Caro/a Leitor, para Citar esta Book Review, use esta referência final: 

  Rodrigues, R. (2025).  –Pode a Alegria Ser Treinada? Uma Book Review ao Livro «Alegria Todo o
Dia», por Raquel Rodrigues. Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2025/05/licenciatura-em-gestao-de-empresas-ano.html                               







quarta-feira, 30 de abril de 2025

Entre Sonhos e Inovações - Book Review de “Nos Bastidores da Pixar” por Susana Alegria

 

 



Licenciatura em Gestão de Empresas - Ano Letivo 2024/2025

UC: Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação - 2º Ano - 2º Semestre

Docentes: Patrícia Araújo

 

 

 

Entre Sonhos e Inovações - Book Review de “Nos Bastidores da Pixar” por Susana Alegria

 

                                               Fig. 1 – Capa do Livro “Nos Bastidores da Pixar”

 

 Discente: Susana Alegria – a22301036

 

Autores

Bill Capodagli é um consultor norte-americano com mais de 30 anos de experiência em liderança, cultura organizacional e inovação. Formou-se em Economia e Matemática pela Illinois State University. Antes de cofundar a Capodagli Jackson Consulting em 1993, ocupou cargos de gestão nas consultoras AT Kearney e Ernst & Whinney (atualmente Ernst & Young). Também geriu o Centro de Gestão da Qualidade Total na University of Southern Indiana. ​Lynn Jackson é especialista em comunicação organizacional e cultura empresarial. É cofundadora da Capodagli Jackson Consulting e possui formação pela Indiana University–Purdue University Indianapolis (IUPUI).


Fig. 2 – Bill Capodagli e Lynn Jackson


Porque escolhi este livro?

Escolhi Nos Bastidores da Pixar devido ao meu interesse em entender como uma das empresas mais inovadoras do mundo consegue manter a sua criatividade e sucesso ao longo do tempo. Ed Catmull, presidente da Pixar, partilha as suas experiências e visões sobre como a empresa construiu um ambiente que fomenta a inovação contínua. A leitura foi extremamente envolvente, pois o autor combina histórias inspiradoras com lições práticas que nos fazem refletir sobre a importância da liberdade criativa e da colaboração nas organizações.

 

Sobre o Livro

No início do livro, Catmull reflete sobre como a Pixar resgata a energia da infância, associando a criatividade dos filmes da empresa à imaginação natural das crianças. Ele compara essa abordagem com o programa OMA, que permite que crianças explorem a sua criatividade, como escrever as suas próprias óperas. Da mesma forma, na Pixar, a criatividade é incentivada sem medo de falhas, criando um ambiente onde todos podem experimentar e colaborar. A chave para isso é uma cultura que valoriza a imaginação sem restrições. Este tipo de liberdade é o que possibilita grandes inovações, como a criação do primeiro filme de animação em computador, Toy Story.

Catmull destaca como a Pixar valoriza a tentativa e erro, além de ressaltar que, ao longo da vida, muitos perdem a capacidade de inovar devido à repressão da sua criatividade. O mesmo conta como Walt Disney, ao chegar a Hollywood, foi visto como um "outsider", mas a sua capacidade de inovar levou à criação de personagens icónicos e histórias que revolucionaram a animação. Na Pixar, todos os colaboradores têm a liberdade de experimentar e trazer novas ideias, mantendo viva a chama da inovação.

O livro enfatiza a importância de evitar fórmulas repetitivas e de contratar pessoas com ideias novas, como foi o caso de Os Incríveis. A Pixar não se contentou em seguir fórmulas de sucesso, mas procurou inovar com histórias que emocionassem o público. Ao contratar Brad Bird, a Pixar deu liberdade para que ele criasse um filme que fosse verdadeiramente novo e único. A colaboração entre equipas "nos bastidores" e "em cena" também é um ponto crucial, já que essa troca de ideias alimenta a criatividade de todos.

Catmull reflete sobre a importância de não abandonar os sonhos de infância, especialmente quando o mundo corporativo muitas vezes exige resultados rápidos. Ele partilha a sua própria jornada, que levou 20 anos até à criação de Toy Story, o primeiro filme de animação em computador. A perseverança e a paciência foram essenciais para transformar a Pixar no que é hoje. Isto ensina-nos que o sucesso verdadeiro vem com o tempo, e é importante manter o foco nos objetivos a longo prazo.

A liderança na Pixar é diferente da liderança tradicional, que muitas vezes se baseia no medo. Catmull e a sua equipa preferem um estilo de liderança baseado em confiança mútua e autonomia. Walt Disney, por exemplo, acreditava nas habilidades da sua equipa e incentivava-os a criar de forma colaborativa. Isto criou um ambiente onde os funcionários se sentiram capacitados para inovar e assumir riscos, o que é fundamental para o sucesso da Pixar. A liberdade criativa, quando acompanhada de responsabilidade, é um dos pilares dessa abordagem.

A Pixar adota um ambiente de aprendizagem contínua, comparando-o com crianças a brincar num parque de areia, onde as experiências e tentativas são valiosas. A empresa criou a Pixar University, um espaço onde todos os colaboradores podem aprender e crescer, partilhando experiências e aprimorando as suas habilidades. O exemplo de Toy Story 2, que passou por um processo de reavaliação e ajustes, mostra como a colaboração e a aprendizagem contínua são essenciais para manter o padrão de qualidade e inovação.

Catmull relata um episódio durante a produção de Toy Story em que enfrentaram a pressão de Jeffery Katzenberg, na altura chefe dos estúdios Walt Disney, para modificar a personalidade de Woody, que originalmente deveria ser um líder simpático, mas que Katzenberg queria mais cruel. A equipa da Pixar resistiu a essas pressões externas, garantindo que a visão original fosse preservada. Isto ensina-nos que a colaboração interna e a coragem de manter a visão criativa é essencial para o sucesso de qualquer projeto inovador.

A Pixar adota uma abordagem que celebra o fracasso, vendo-o como uma oportunidade de aprendizagem. Catmull cita exemplos como o do patinador Tony, filho de Bill, que, ao aprender com as suas quedas, tornou-se um patinador profissional. Na Pixar, o fracasso não é temido, mas sim usado como um "trampolim" para alcançar o sucesso. A inovação verdadeira vem da disposição para falhar e aprender, o que cria um ambiente de criatividade sem restrições.

O ambiente de trabalho na Pixar é projetado para estimular a brincadeira e a interação entre os colaboradores. A diversão no trabalho não é vista como perda de tempo, mas como uma maneira de reduzir a tensão, aumentar a moral e melhorar a produtividade. A disposição estratégica das instalações da Pixar, que incentiva a interação espontânea, e a personalização dos espaços de trabalho, são exemplos de como a empresa promove um ambiente descontraído e criativo.

Catmull sugere várias maneiras de estimular a criatividade, incluindo viagens para procurar inspiração e a contratação de pessoas com habilidades diversificadas. Ele cita como John Lasseter procurou inspiração na Route 66 para Carros, o que mostra como a procura por diferentes perspetivas é fundamental para inovar. Além disso, a Pixar valoriza espaços de trabalho que incentivam a troca de ideias e a experimentação.

É destacado como as regras rígidas e a pressão por resultados rápidos podem sufocar a criatividade. Walt Disney, por exemplo, foi reprimido pelos seus professores, mas isso não o impediu de criar coisas mágicas. A Pixar, ao contrário, promove um ambiente onde a autonomia e a liberdade criativa são mais importantes do que resultados imediatos. Bob Iger e John Lasseter, ao enfatizarem a importância da liberdade criativa, ajudaram a manter a Pixar focada na inovação contínua.

Catmull destaca que a verdadeira qualidade é percebida pelas crianças através do que é real e significativo. O sucesso de Toy Story e Toy Story 2 exemplifica como a Pixar prioriza a qualidade em tudo o que faz. A qualidade é vista como o melhor plano de negócios, e as equipas, compostas por artistas e técnicos, colaboram livremente para criar filmes que tocam o público. A colaboração entre equipas é essencial para alcançar o sucesso e manter altos padrões de qualidade.

O último capítulo destaca como a Pixar cria um "playground" de trabalho, onde a criatividade flui livremente. Com planos detalhados, mas flexibilidade para a inovação, a Pixar combina estrutura com liberdade. Os 16 mandamentos da Pixar, como confiar nas ideias dos colaboradores e celebrar os sucessos, são essenciais para libertar o potencial criativo e alcançar a inovação.

 

Reflexões Finais

Ao longo desta leitura, senti-me inspirada pela filosofia da Pixar de confiar nos seus colaboradores e incentivá-los a experimentar e inovar. Como futura gestora, aprendi que é fundamental construir uma cultura organizacional que valorize a criatividade, a liberdade e a colaboração. A Pixar não só promove a criatividade, mas também a celebra como parte central do seu sucesso. Isso fez-me refletir sobre como posso criar ambientes mais criativos e menos estruturados, tanto na minha vida pessoal quanto profissional.

 

Reflexão Integrativa com a UC - Liderança e Motivação

Ao longo do livro Nos Bastidores da Pixar, é possível perceber claramente como a liderança desempenha um papel fundamental no sucesso da Pixar. Ed Catmull e os líderes da empresa demonstram que, para criar um ambiente criativo e inovador, é necessário adotar uma liderança baseada na confiança, colaboração e autonomia, o que se alinha diretamente com os conceitos discutidos na UC de "Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação". Durante as aulas, foi destacado que a liderança não deve ser autoritária ou punitiva, mas sim inspiradora e motivadora, com líderes que incentivam as suas equipas a explorar novas ideias e arriscar-se sem medo do fracasso. A Pixar exemplifica esse estilo de liderança, com Catmull e outros líderes confiando nos seus colaboradores, permitindo que se sintam empoderados para contribuir com ideias inovadoras e colaborar de forma aberta. Esta abordagem não só motiva as equipas, mas também cria um ambiente onde a criatividade é cultivada de forma contínua. O conceito de liderança motivacional abordado na UC, onde a motivação intrínseca é fundamental para a retenção e o sucesso dos colaboradores, está claramente presente na filosofia da Pixar, que prioriza a confiança mútua e a liberdade criativa, elementos cruciais para o sucesso da empresa.

 

Nos Bastidores da Pixar não é apenas sobre animação, mas sobre como princípios de criatividade, liderança e inovação podem ser aplicados a qualquer área da vida. Saio desta leitura com uma visão renovada sobre a importância de uma cultura organizacional positiva e de sucesso, e como a confiança, a colaboração e a liberdade criativa são as chaves para alcançar esses objetivos.

 

Sobre Mim

O meu nome é Susana Alegria, tenho 22 anos, nascida e criada em Portimão, Algarve. Estou no 2º ano de licenciatura em Gestão de Empresas no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. No futuro sonho em ser Gestora de Marketing de Moda.

 

                       Fig. 3 – Susana Alegria

 

 Referências Bibliográficas

Capodagli, B., & Jackson, L. (2010). Nos bastidores da Pixar: Lições do playground corporativo mais criativo do mundo. Saraiva.

Executive Speakers Bureau. (n.d.). Bill Capodagli. https://www.executivespeakers.com/speaker/bill-capodagli

LinkedIn. (n.d.). Lynn Jackson. Retrieved April 13, 2025, from https://www.linkedin.com/in/lynn-jackson-a561025/

 

Caro/a Leitor, para Citar esta Book Review, use esta referência final:

 

Alegria, S. (2025). Entre Sonhos e Inovações – Book Review de “Nos Bastidores da Pixar” por Susana Alegria. Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2025/04/entre-sonhos-e-inovacoes-book-review-de.html

E-mail: susanaifalegria@gmail.com

    Gestão de Empresas, 2ºano – Ano letivo: 2024/2025 UC: Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação - 2º Semestre Docentes: Dout...