segunda-feira, 2 de junho de 2025

Queijo em Movimento: A Arte de Crescer com a Mudança - Book Review By Inês Barbudo

 

RESUMO

No labirinto das nossas vidas pessoais e profissionais, estamos constantemente em busca daquilo que nos traz satisfação, segurança e sentido — aquilo que Spencer Johnson metaforicamente chama de “queijo”. Em Quem Mexeu no Meu Queijo?, essa metáfora simples é usada com precisão para retratar o impacto da mudança sobre as nossas rotinas, escolhas e mentalidades. A narrativa curta e despretensiosa esconde um poder transformador que vai muito além do que aparenta à primeira vista. Ao longo desta resenha crítica, explorarei o impacto desta obra no meu desenvolvimento pessoal e profissional, a sua ligação com os conteúdos da UC Técnicas de Liderança e Comunicação, e as razões pelas quais acredito que este livro deve ser leitura obrigatória para qualquer gestor.

SOBRE O AUTOR

Spencer Johnson, médico e escritor norte-americano, construiu uma carreira baseada em comunicar mensagens complexas através de histórias simples. Reconhecido por co-autorizar O Executivo Minuto, Johnson soube traduzir os desafios da liderança, da tomada de decisão e da adaptação às mudanças de forma acessível. Quem Mexeu no Meu Queijo?, publicado em 1998, tornou-se um fenómeno global exatamente por tocar num tema universal: o desconforto com a mudança.

Num mundo que se transforma a uma velocidade vertiginosa, essa pequena parábola continua mais atual do que nunca.

RESUMO

O enredo gira em torno de quatro personagens — dois ratos (Sniff e Scurry) e dois duendes (Hem e Haw) — que vivem num labirinto em busca de queijo. O queijo representa aquilo que valorizamos: emprego, amor, segurança, saúde, reconhecimento. Quando o queijo que todos encontraram desaparece, as reações divergem.

Sniff e Scurry, guiados pelo instinto, saem imediatamente à procura de novo queijo. Já Hem e Haw, que representam a racionalidade e a complexidade emocional humana, reagem com medo e negação. Haw, no entanto, aprende com o processo e começa uma jornada de adaptação, superando o medo e mudando de atitude.

A estrutura do livro é inteligente e eficaz. Após a parábola, há uma conversa entre antigos colegas de escola refletindo sobre a história e sobre como ela se aplica às suas vidas. Este recurso de metanarrativa ajuda o leitor a consolidar os aprendizados e identificar-se com diferentes perspetivas. A grande força da obra está na sua capacidade de provocar autorreflexão sem parecer prescritiva. Johnson não nos diz o que fazer; ele mostra possibilidades. O leitor, então, reconhece-se nas personagens e tira as suas próprias conclusões. 

Durante a leitura, percebi que em muitas fases da minha vida fui como Hem — resistente à mudança, agarrado ao que me era familiar. Senti medo de abandonar “queijos” que já não existiam, ou que já não tinham o mesmo sabor. Como Haw, só depois de refletir e aceitar o desconforto é que consegui mudar. Esta identificação pessoal foi um dos elementos mais marcantes desta leitura: não é apenas uma fábula sobre mudança, é um espelho que nos convida a encarar as nossas próprias zonas de conforto. 

 

RELAÇÃO DO LIVRO

COM OS CONTEÚDOS DA UC 

 

Esta obra tem uma ligação direta com vários temas discutidos na unidade curricular de Técnicas de Liderança e Comunicação [Gestão do Turismo (ISMAT)] - 2024/2025. O comportamento de Hem, por exemplo, ilustra perfeitamente o conceito de resistência à mudança. Segundo Kotter e Lewin, muitas pessoas passam pelas fases da mudança de forma lenta e dolorosa, começando com a negação e o medo, até chegarem à aceitação. Haw passa por esse ciclo, demonstrando que a mudança é também um processo psicológico e emocional. Já Sniff e Scurry encarnam a ideia de agilidade e adaptabilidade — competências cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho atual. 

O modelo de Lewin — Unfreeze, Change, Refreeze — é claramente visível no comportamento de Haw. Primeiro ele descongela a sua visão de mundo, depois muda e por fim “recongela” uma nova postura mais aberta e positiva. Esta transformação está em perfeita sintonia com o que se espera de profissionais em contextos organizacionais voláteis. A inteligência emocional, conceito central no trabalho de Daniel Goleman, também se aplica aqui: Haw desenvolve autoconsciência, autogestão e motivação — pilares emocionais que sustentam a sua mudança de atitude. 

No ambiente empresarial, a leitura deste livro pode ser usada como ferramenta de sensibilização para equipas em processo de mudança. A metáfora do queijo é tão simples que permite discussões profundas sem resistência, o que é valioso em contextos onde a mudança é inevitável, mas temida. Em processos como reestruturações, fusões ou transições tecnológicas, esta obra pode ser um ponto de partida para debates sobre comportamento organizacional, liderança e cultura. 

Ao refletir mais profundamente, compreendi também que o “queijo” não é apenas aquilo que queremos alcançar, mas também aquilo que precisamos desaprender. Muitas vezes, a resistência à mudança vem de crenças limitadoras que cultivamos ao longo do tempo. A história de Haw mostra como reescrever a própria narrativa é essencial para o crescimento. A escrita que ele deixa nas paredes do labirinto funciona como lembrete: "O que você faria se não tivesse medo?", "Cheire o queijo com frequência para saber quando ele está ficando velho" — são frases que, embora simples, ressoam com força. 

Outra reflexão importante diz respeito ao papel da liderança na gestão da mudança. Embora o livro não trate diretamente de liderança, é evidente que Haw se torna um líder simbólico quando decide mudar. Mesmo sozinho, ele deixa pistas para Hem, esperando que este também encontre coragem. Esta atitude revela que liderar é muitas vezes abrir caminhos para os outros, mesmo sem garantias de que nos seguirão. Essa ideia é particularmente relevante para gestores de recursos humanos, cujo papel não é apenas operacional, mas profundamente humano e inspirador. 

A cultura organizacional também é representada pelo labirinto. Em contextos empresariais, o labirinto pode ser rígido ou flexível, escuro ou iluminado, cheio de sinalizações ou confuso. Uma empresa que proporciona um ambiente onde os colaboradores se sentem seguros para errar, aprender e tentar de novo está a facilitar a busca por novos queijos. Por outro lado, ambientes controladores, tóxicos ou indiferentes fazem com que muitos Hem se tornem permanentes. Assim, esta obra pode ser lida também como uma crítica à rigidez de muitas estruturas organizacionais. 

  

OPINIÃO DA LEITORA 

Escolhi este livro por recomendação de colegas e pela sua fama internacional, mas confesso que o subestimei inicialmente. A sua aparência simplista não revelava, à primeira vista, a profundidade da sua mensagem. No entanto, à medida que lia, fui surpreendida pela clareza com que aborda temas tão complexos como medo, mudança, identidade e crescimento. Foi como ouvir uma verdade óbvia que ignoramos por conveniência: o queijo sempre acaba. A verdadeira questão é — o que fazemos depois? 

Enquanto estudante de Gestão do Turismo, este livro deixou marcas profundas na forma como vejo a mudança. Percebo agora que o maior desafio não é implementar novas políticas, mas lidar com emoções, crenças e expectativas. A resistência à mudança não é um defeito; é uma resposta humana. Mas cabe aos líderes e profissionais da área criar contextos que favoreçam a confiança, a aprendizagem e o movimento. Quem Mexeu no Meu Queijo? oferece, com simplicidade, um guia emocional para esse caminho. 

Em termos práticos, pretendo usar os ensinamentos deste livro no futuro ao facilitar formações, liderar equipas ou intervir em processos de mudança organizacional. Quero lembrar-me sempre de observar quem são os “Hems”, os “Haws” e os “Sniffs e Scurrys” à minha volta — não para os rotular, mas para melhor compreender e apoiar. Esta metáfora acompanhar-me-á como uma lente adicional para interpretar o comportamento humano em ambientes em transformação. 

 


 

CONCLUSÃO 

Concluo esta resenha sentindo-me grata por ter escolhido este livro. Ele não só atendeu às exigências académicas da UC, como também me ofereceu ferramentas de reflexão pessoal e profissional. O “queijo” pode mudar de forma, sabor ou localização, mas a nossa capacidade de adaptação será sempre o verdadeiro segredo para continuar a avançar no labirinto. 

 

SOBRE MIM

Sou estudante de Gestão do Turismo no ISMAT, com algum interesse em desenvolvimento organizacional e psicologia positiva. Acredito na aprendizagem contínua e na importância de contar boas histórias para gerar mudança. 

 

Referências Bibliográficas

 

ISMAT - https://www.ismat.pt/pt/ 

PÁGINA OFICIAL DO AUTOR - https://www.wook.pt/autor/spencer-johnson/24252?srsltid=AfmBOoof8jpucO1HcjIg-qxzpA96t_qttO2y_5RGa9XannPYD1lMP-u5 

 Johnson, S. (1998). *Quem Mexeu no Meu Queijo?* Rio de Janeiro: Record. 

Lewin, K. (1951). *Field Theory in Social Science*. Harper & Row. 

Goleman, D. (1995). *Inteligência Emocional*. Lisboa: Temas e Debates. 

 

 

Para Citar esta Book Review, usar: 

Barbudo,I. (2025). Queijo, Mudança e o Labirinto da Vida – Uma Book Review do Livro "Quem Mexeu no Meu Queijo?". Book Review Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Mudança e Desenvolvimento Organizacional’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes.  

Disponível em: [INSERIR LINK DO BLOG AQUI] 

 

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