“Desvendar o Invisível – uma perspetiva da economia do dia a dia” – BookReview de Maria Branco
Autores:
O Livro:
O Livro “Freakonomics”, analisa
teorias e métodos económicos que ajudam a decifrar o que é feito no nosso dia a
dia e apresenta também perguntas “normais”, como por exemplo, o impacto que o
nome escolhido tem no destino das pessoas, a conexão entre a queda nos índices
de criminalidade e a legalização do aborto, tudo isto é abordado utilizando
dados e factos reais.
Este livro começa com uma análise
dos anos 90, onde a criminalidade violenta aumentou nos Estados Unidos, e os
especialistas previram que continuaria a aumentar fenomenalmente, mas ao
contrário do esperado diminui, mostrando que a verdadeira razão teria sido a
legalização do aborto há 20 anos.
Capítulo 1:
Neste capítulo, Levitt define
incentivos como uma chave, com o poder de mudar uma situação, para ele os
incentivos são a pedra angular da vida moderna, sendo assim fundamentais para
compreender os comportamentos e eventos humanos.
Ele identifica três tipos de
incentivos:
·
Moral;
·
Social;
·
Económico.
Muitas vezes, esses tipos
sobrepõem-se ou substituem-se, como no exemplo das campanhas antitabagismo, que
combinam incentivos econômicos (impostos elevados), sociais (proibição de fumar
em lugares públicos) e morais (associação do fumo com financiamento de
atividades ilícitas).
Levitt
enfatiza: 'A moralidade, pode-se argumentar, representa a forma como as pessoas
gostariam que o mundo trabalhasse; a economia representa como ele realmente
funciona.'
O
autor questiona a 'sabedoria convencional', frequentemente aceita sem
questionamento, como exemplificado pela crença de que beber oito copos de água
por dia é essencial para a saúde, apesar da falta de comprovação científica.
Levitt desafia os leitores a investigar as verdadeiras causas por trás dos
eventos dramáticos.
Um
exemplo polêmico apresentado é a relação entre a queda nas taxas de
criminalidade nos EUA e a legalização do aborto duas décadas antes, sugerindo
que mudanças distantes podem ter impactos sutis, mas profundos.
Um
exemplo intrigante apresentado é o de uma creche que tentou reduzir atrasos
através de uma multa. Contudo, os atrasos aumentaram, pois os pais passaram a
encarar a multa como um custo econômico, e não como uma obrigação social ou
moral.
Capitulo
3:
No
capitulo 3 de 'Freakonomics', Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner analisam a
economia do crime, com foco nos incentivos enfrentados pelas gangues de rua
americanas envolvidas com a cocaína e crack. O capitulo explora como os poucos
membros no topo das gangues lucravam significativamente, enquanto a maioria
permanecia no negócio com a esperança de ascender na hierarquia, apesar das
condições adversas.
Os
autores questionam a sabedoria convencional, que muitas vezes idealiza o
passado como uma época de menos criminalidade. No entanto, as estatísticas
mostram que a criminalidade hoje é consideravelmente menor do que nos séculos
XVIII, XIX e mesmo no início do século XX. Eles atribuem essa redução a
incentivos morais, sociais e econômicos mais eficazes presentes atualmente.
Um
exemplo de causa distante com impacto dramático é a invenção da cocaína crack
nos anos 1970, que contribuiu para o aumento das taxas de criminalidade e
mortalidade em comunidades negras nos EUA. A combinação de um método de
produção barato e uma demanda crescente fez do crack uma droga amplamente
acessível e destrutiva.
A
cocaína crack surgiu como uma alternativa barata à cocaína tradicional,
tornando-se rapidamente popular nas ruas americanas. Misturada com bicarbonato
de sódio e água, a substância proporcionava uma alta intensa, mas de curta
duração, incentivando os usuários a consumi-la repetidamente. Isso resultou em
uma explosão na demanda e na lucratividade para as gangues de rua.
A
chegada do crack coincidiu com um excesso de cocaína na Colômbia, que foi
aproveitado por Oscar Danilo Blandon, um traficante nicaraguense. Blandon
fornecia grandes quantidades de cocaína para gangues negras de rua, que
transformavam a substância em crack e a distribuíam em comunidades vulneráveis.
Até
a chegada da cocaína crack, a comunidade negra nos EUA vinha realizando grandes
avanços em direitos civis, saúde, educação e poder econômico. Contudo, o crack
causou um retrocesso significativo nesses progressos. A mortalidade infantil e
as taxas de criminalidade dispararam em bairros negros, marcando um período de
grande destruição social.
Levitt
destaca que, numa escala maior, o crack contribuiu para a maior onda de
criminalidade já vista nos EUA, que começou a declinar apenas nos anos 1990,
devido a fatores inesperados como a legalização do aborto.
Capitulo
5:
No
capítulo 5 de 'Freakonomics', Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner exploram
como a parentalidade tornou-se um campo intensamente estudado e como as
percepções erradas de risco influenciam as decisões parentais. Os autores
destacam que especialistas em paternidade frequentemente utilizam o medo para
vender ideias e produtos, muitas vezes sem base científica sólida.
Os
seres humanos são, em geral, ruins em avaliar riscos reais. Tendem a temer
perigos imediatos, como o terrorismo, mesmo que problemas distantes, como
doenças cardíacas, sejam muito mais letais. Esse fenômeno influencia decisões
individuais e políticas públicas, favorecendo reações desproporcionais a riscos
menores.
Os
autores dão exemplos como o caso da 'doença da vaca louca' em Nova Jersey, que
levou muitos a parar de comer carne, e a comparação entre mortes em acidentes
de carro e acidentes aéreos. Embora o carro seja estatisticamente mais
perigoso, o avião é mais temido por parecer uma ameaça mais imediata.
Quando
os pais tentam proteger seus filhos, frequentemente compram produtos que
prometem segurança, mas nem sempre são eficazes. Por exemplo, o benefício real
de cadeiras infantis em carros é que elas mantêm as crianças no banco traseiro,
onde estão mais seguras, e não o design da cadeira em si. Os autores também
mostram como o medo pode ser desproporcional ao risco real.
Armas
vs. Piscinas: Um Exemplo Revelador:
Os
dados apresentados no capítulo revelam que as piscinas representam um risco
significativamente maior para crianças do que armas de fogo. Para cada 11.000
piscinas residenciais nos EUA, uma criança se afoga anualmente, resultando em
cerca de 550 mortes. Por outro lado, para cada 1 milhão de armas, há uma morte
infantil, resultando em 175 mortes anuais. Apesar disso, os pais tendem a temer
mais uma arma do que uma piscina.
Esse
contraste destaca como a percepção de risco é frequentemente moldada pelo medo
e pela indignação, e não pela probabilidade real de perigo. Como os autores
apontam: 'Se ambos possuem uma arma e uma piscina em seu quintal, a piscina tem
cerca de 100 vezes mais probabilidade de matar uma criança do que a arma.'
Análise
Crítica:
Este livro utiliza a economia como
principal instrumento para se conseguir perceber, algumas das preferências
sociais que não estão diretamente ligadas à economia.
O facto de o livro analisar temas
sensíveis, pode trazer várias questões sociais e relações quantitativas, sem
existir a devida preocupação com impactos qualitativos e éticos
Relação com o Conteúdo:
O livro enquadra-se melhor em
conteúdos como o desenvolvimento organizacional, comportamento organizacional e
recompensas e remunerações
A forma como Freakonomics utiliza
dados para questionar a sabedoria convencional é uma prática fundamental no
Desenvolvimento Organizacional. Diagnósticos precisos, baseados em evidências e
não em suposições, são essenciais para disciplinas bem-sucedidas.
O livro explora como diferentes
tipos de incentivos (econômicos, sociais e morais) influenciam o comportamento
humano, muitas vezes de maneiras inesperadas. Esse conhecimento é crucial na
GRH para criar políticas de retribuições, bônus e recompensas que alinhem os
objetivos dos funcionários com os da organização.
Sobre mim:
Sou a Maria Branco, tenho 20 anos,
sou de Armação de Pera.
Frequento a licenciatura em Gestão
de Recursos Humanos, no ISMAT, em Portimão, a qual me encontro no último ano.
Caro/a Leitor, para Citar esta
BookReview, use esta referência final:
Branco, M. (05/12/2024). “Desvendar
o Invisível – uma perspetiva da economia do dia a dia”. Book Review
Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Métodos
de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional’. ISMAT-Instituto Superior
Manuel Teixeira Gomes. Disponível em:
Ligações Relevantes e Fontes
Externas:
·
https://pricetheory.uchicago.edu/levitt/
·
https://www.wnyc.org/people/stephen-dubner/
·
https://www.youtube.com/watch?v=5UGC2nLnaes
Referências Bibliográficas
D.
Levitt, S., & J. Dubner, S. (2005). Freakonomics - O estranho mundo da
economia. Editorial Presença.