Licenciatura em Gestão de Empresas
Ano Letivo 2025/2025
UC: Técnicas de Negociação, Liderança
e Motivação – 2º Ano – 2º Semestre
Docentes: Patrícia Araújo
Mais do que Lucro: A Liderança que
Transforma – por Diogo Ribeiro
Fig 1- Capa do livro
Discente: Diogo Ribeiro – a22305210
Sobre
os autores
Ken
Blanchard é autor e consultor de renome na área da liderança. Ganhou
notoriedade com O Gestor Minuto, onde defende uma liderança eficaz e
centrada em princípios. É cofundador da The Ken Blanchard Companies,
especializada no desenvolvimento de lideranças.
Michael
O’Connor foi psicólogo organizacional e consultor especializado em
comportamento humano nas empresas. Focou-se na tomada de decisão baseada em
valores e na criação de culturas organizacionais sustentáveis, sendo uma
influência central no modelo da Gestão por Valores.
Sobre o livro
O
livro Gestão por Valores apresenta-se como
uma proposta alternativa e profundamente ética para liderar e gerir
organizações num mundo em constante transformação. A obra é uma fusão entre narrativa
ficcional, conceitos de desenvolvimento organizacional e reflexão pessoal,
através da qual os autores demonstram que os verdadeiros alicerces de uma
empresa de sucesso não estão apenas nos resultados financeiros, mas na vivência
coerente e partilhada de valores fundamentais.
A
narrativa centra-se em Tom Yeomans, um gestor de topo que, apesar de alcançar
sucesso e reconhecimento profissional, começa a sentir um profundo vazio
pessoal. Enredado na lógica da produtividade, da eficiência e dos resultados
imediatos, Tom afasta-se da sua família, dos seus interesses pessoais e do
próprio sentido da sua função. Essa desconexão entre sucesso externo e
insatisfação interna leva-o a repensar profundamente o seu papel enquanto
líder, a forma como tem conduzido a sua organização e os valores que a mesma
afirma defender, mas já não pratica.
A
crise pessoal de Tom serve como metáfora para aquilo que os autores identificam
como um problema estrutural nas organizações contemporâneas: a obsessão pelo
lucro e pelo controlo, frequentemente em detrimento das pessoas, da cultura e
da autenticidade. Muitas empresas, segundo Blanchard e O’Connor, vivem em
contradição: proclamam valores nobres nas suas declarações públicas, mas
internamente cultivam ambientes baseados no medo, na hierarquia rígida e na
lógica do curto prazo. É neste contexto que os autores introduzem o conceito
das “Empresas Afortunadas 500” - uma visão alternativa à clássica lista das
Fortune 500. Enquanto estas medem o sucesso com base na faturação, as
afortunadas distinguem-se pela qualidade humana do serviço, pelo compromisso
com os colaboradores e pela integridade com que operam.
Ao
longo da história, Tom embarca num processo de transformação pessoal e
empresarial com o apoio de dois consultores especializados em mudança
organizacional. Este processo é estruturado num modelo a que os autores chamam Gestão
por Valores (GPV) um sistema de liderança que propõe a definição clara de um
conjunto de valores essenciais, a sua comunicação eficaz e, sobretudo, a sua implementação
prática e coerente em todos os níveis da organização. O objetivo é tornar os
valores visíveis nas decisões, nas atitudes e nas relações internas e externas.
A
GPV assenta em três fases fundamentais, apresentadas como um caminho
progressivo, mas interdependente:
1.
Definir Filosofia e Valores
A
primeira etapa do processo exige que a organização identifique, de forma clara
e honesta, quais são os valores fundamentais que a definem - aquilo em que
acredita, o que considera prioritário e o que pretende representar perante os
seus colaboradores, clientes e a sociedade em geral. Esta definição não deve
ser genérica ou meramente retórica, mas profundamente enraizada na identidade e
missão real da empresa. É aqui que se constrói a base para uma cultura
organizacional sólida e coerente.
2.
Comunicar Claramente
A
segunda fase implica traduzir os valores definidos em linguagem acessível e
partilhada, garantindo que toda a estrutura organizacional os compreende e se
identifica com eles. Não basta que a direção defina os valores. É necessário
que estes sejam vividos, discutidos e assumidos por todos. A comunicação deve
ser consistente, transparente e contínua, de modo a reforçar a confiança e o
alinhamento interno.
3.
Alinhar Práticas com os Valores
Na
terceira fase, os valores deixam de ser apenas declarações institucionais e
passam a orientar decisões concretas, comportamentos e rotinas operacionais. É
neste momento que a gestão, as lideranças intermédias e as equipas devem agir
de forma coerente com os princípios estabelecidos. Desde o estilo de liderança
até à forma como se resolve um conflito, desde o recrutamento à gestão de
fornecedores, todas as decisões devem refletir os valores partilhados. Só assim
se constrói uma cultura verdadeiramente autêntica, baseada na confiança mútua e
na credibilidade.
Além
deste modelo, os autores apresentam o conceito CEOS, que sintetiza os quatro
grupos essenciais que qualquer empresa deve servir com equilíbrio e
responsabilidade:
- C
– Clientes
- E
– Empregados (Colaboradores)
- O
– Owners (Proprietários ou Acionistas)
- S
– Stakeholders significativos (fornecedores, parceiros, comunidade,
financiadores, entre outros)
A
ideia base é que cada pessoa na organização, independentemente da sua posição
hierárquica, deve agir com o mesmo sentido de responsabilidade, orgulho e
empenho que se espera de um CEO. Este modelo reforça a noção de que todas as
partes interessadas contam, e que o verdadeiro sucesso empresarial é construído
quando se equilibra o valor gerado para todos os intervenientes.
O livro propõe ainda uma reflexão sobre a experiência humana no trabalho e na vida, a partir dos chamados “três atos da vida”:
Ato I – Alcançar: Fase centrada em atingir objetivos, alcançar sucesso e cumprir metas. É muitas vezes vivida com intensidade, mas à custa das relações e do bem-estar pessoal.
Ato II – Relacionar: Esta fase surge geralmente após uma crise pessoal ou profissional. Representa a revalorização dos laços afetivos e da importância dos outros. amigos, família, colegas que foram sendo negligenciados no Ato I.
Ato III – Integrar: O ato final corresponde à maturidade pessoal e profissional, onde a pessoa aprende a equilibrar ambição com autenticidade, trabalho com relações, sucesso com sentido. É a integração entre o “fazer” e o “ser”.
Tom,
enquanto líder, só começa verdadeiramente a transformar a sua empresa quando
assume as suas próprias falhas, aprende a escutar os outros e altera a sua
forma de estar. Esta mudança interior é o verdadeiro catalisador da mudança
cultural. A GPV, como modelo, só se torna eficaz quando os líderes deixam de
ser gestores do controlo e se tornam facilitadores da confiança, do compromisso
e do crescimento mútuo.
Um
dos aspetos mais realistas e importantes abordados pelos autores é o tempo de
implementação da GPV. Não se trata de uma mudança imediata ou superficial. É um processo profundo, que exige cerca de três anos para começar a mostrar
resultados visíveis e duradouros. Esta transformação requer paciência,
consistência e envolvimento genuíno de todas as pessoas da organização.
Os
resultados da aplicação da GPV vão muito além da satisfação interna. As
empresas que adotam este modelo com seriedade tendem a melhorar a qualidade dos
seus produtos e serviços, aumentar a lealdade dos clientes, reduzir a
rotatividade interna e fortalecer as relações com fornecedores, investidores e
comunidades externas. Ao alinhar os comportamentos com os valores, a
organização reforça a sua identidade, credibilidade e resiliência num mercado
cada vez mais exigente e consciente.
Opinião Pessoal e
Reflexão Crítica
O livro "Gestão
por Valores" foi
uma leitura envolvente e esclarecedora. Através de uma narrativa acessível e
bem estruturada, o livro mostra como é possível liderar com propósito e
coerência, colocando os valores no centro da cultura organizacional.
Identifiquei-me com a transformação do protagonista, que espelha muitos dos
desafios reais enfrentados por líderes atuais.
Considero
que a obra tem grande valor formativo, pois demonstra que a motivação e o
desempenho das equipas estão diretamente ligados ao alinhamento entre valores
pessoais e organizacionais. Além disso, reforça a importância de uma liderança
mais humana, centrada na escuta e na confiança.
Apesar
de reconhecer que algumas propostas do livro podem parecer idealistas em
contextos empresariais mais rígidos, acredito que o seu principal contributo
está em provocar reflexão e inspirar mudança. É um livro que não se limita a
ensinar técnicas, mas convida à construção de organizações mais conscientes e
equilibradas.
Relação com UC
O
livro “Gestão por Valores” tem uma ligação direta com os temas centrais da
unidade curricular, ao propor um modelo de gestão que valoriza a coerência
entre os princípios da liderança e a vivência concreta dos valores no contexto
organizacional.
A
transformação do protagonista, Tom Yeomans, ilustra de forma clara a evolução
de um estilo de liderança autoritária e centrada no controlo para uma liderança
mais humana, participativa e baseada na escuta e na confiança. Esta mudança vai
ao encontro dos modelos de liderança estudados na unidade, como a liderança
transformacional e servidora, onde o papel do líder é inspirar, envolver e
desenvolver as pessoas, e não apenas comandar.
No
campo da motivação, o livro reforça que colaboradores sentem-se mais motivados
quando os valores da organização estão alinhados com os seus próprios valores
pessoais. Ao envolver as equipas na definição e vivência desses valores,
cria-se um ambiente onde o trabalho tem significado, o que potencia o
compromisso e o desempenho.
Por
fim, o modelo CEOS e os três atos da vida sublinham a importância do equilíbrio
entre objetivos, relações humanas e realização pessoal - elementos essenciais
para uma liderança motivadora e eficaz.
Sobre Mim
O
meu nome é Diogo Ribeiro, sou aluno do 2º ano da licenciatura em Gestão de Empresas
no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, sou de Lagos, Algarve. O meu sonho
é ser um gestor financeiro em uma empresa relevante.
Blanchard, K., &
O’Connor, M. (1997). Managing by values: How to put your values into action
for extraordinary results. Berrett-Koehler Publishers.
Caro/a Leitor, para Citar
esta Book Review, use esta referência final:
Ribeiro, D. (2025). Gestão com sentido: Book review de “Gestão por Valores” de Ken Blanchard e Michael O’Connor. Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Técnicas de Negociação, Liderança e Motivação’. ISMAT – Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em:https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2025/06/mais-do-que-lucro-lideranca-que.html