Qual o segredo para uma vida longa e feliz? – Uma Book Review ao Livro Ikigai por Diana Figueiras
Figura 1 - Ilustração Livro Ikigai
Figura 2 - Héctor García
Fonte: wook.pt
Héctor García nasceu em 1981 em Calpe, Espanha. Começou por trabalhar no CERN na Suíça por um breve período de tempo, no entanto, a sua paixão e interesse pela cultura Japonesa, nomeadamente pela sabedoria transmitida pelos mais velhos, fê-lo mudar-se para Tokyo, Japão, onde reside atualmente.
Héctor Garcia é também o autor do blog "Un geek en Japón" para quem tiver curiosidade, pode consultar o seguinte link https://www.kirainet.com/
Figura 3 - Francesc Miralles
Francesc Miralles possui um blog pessoal onde publica todas as segundas-feiras, seguindo de seguida o link para aceder ao mesmo: https://www.francescmiralles.com/blog/
Sobre o Ikigai:
Ao
contrário de muitos livros de mudança e desenvolvimento pessoal, o Ikigai não
pretende obrigar as pessoas a mudar e a agir de uma forma específica para
atingir o objetivo proposto. Esta obra inspira as pessoas para mudar os seus
hábitos, dando-lhes a conhecer os benefícios dessa mudança, sem a forçar.
A
leitura deste livro transporta-nos até ao oriente, mais propriamente à ilha de
Okinawa no Japão. Através da leitura deste livro encontramos variadas dicas
para encontrar o Ikigai pessoal de cada um. Mas o que é o Ikigai?
Os
autores começam por explicar o que é o Ikigai através da interligação de
diversos fatores, como a interação entre aquilo que amamos, o que fazemos bem,
o que o mundo precisa e o que somos pagos para fazer. Esta interligação irá
proporcionar um estado de plenitude, satisfação e sentido para a vida de cada individuo,
conforme representado graficamente na figura 4.
Fígura 4 - Ilustração do Ikigai
García
e Miralles ao longo desta obra procuram estabelecer uma relação entre os
costumes e hábitos dos habitantes de Okinawa, umas das cinco zonas azuis
caraterizadas pela longevidade dos seus habitantes, e entre o Ikigai. Estas
zonas azuis têm em comum a preocupação por uma dieta equilibrada, o exercício
físico, a vida em comunidade e o Ikigai bem definido. Para conhecer melhor o
conceito de zonas azuis, por favor consulte o seguinte website: https://www.bluezones.com/
Em
Okinawa, uma das tradições praticadas pelos seus habitantes está relacionada
com o “Moai” que significa “reunir para um propósito comum”. O Moai diz respeito a um grupo informal
de pessoas com laços fortes entre si, que se reúnem para realizar diversas atividades, desde caminhar, jogar
jogos tradicionais até compartilhar experiências menos boas. Nos Moai há
um grande sentido de entreajuda, pelo que quando algum elemento enfrenta alguma dificuldade, seja esta a nível pessoal ou a nível financeiro, todo o Moai se reúne para o ajudar. Um fato curioso sobre estas comunidades é que existem Moais cuja duração supera os 90 anos.
Os
habitantes de Okinawa procuram também manter uma mente sã através da criação de
novas rotinas e hábitos, de modo a saírem mais vezes da sua zona de conforto para
assim enfrentarem processos de mudança de forma mais recetiva e com menos
níveis de stress, que é visto como um inimigo da longevidade.
Grande
parte das pessoas tem dificuldade em sair da sua zona de conforto, o que, de
acordo com, Kotter (2007) é um dos principais motivos pelo qual os processos de
mudança falham. Fazer com que as pessoas saiam da sua zona de conforto pode ser
um grande desafio e um processo demorado. Este processo muitas vezes requer uma
liderança que inspire os liderados a mudar e a ter uma visão daquilo que irão
conseguir atingir com o seu esforço de mudança, conforme abordado na UC de
Mudança e Desenvolvimento Organizacional.
Segundo
os autores, uma das formas para encontrar o Ikigai pessoal, está relacionado
com atingir o estado de Fluxo, que acontece quando realizamos alguma atividade
prazerosa e ficamos tão imersos na mesma que nada mais parece importar, no
entanto devemos tentar encontrar atividades que nos dão prazer a longo prazo e
não apenas no curto prazo e que sejam apropriadas ao conjunto de competências
de cada individuo, embora desafiantes.
Uma
das estratégias para encontrar o estado de fluxo, de acordo com os autores, é
ter um objetivo bem definido. Um dos grandes problemas das organizações está
relacionado com o fato de sua visão não ser comunicada de forma concreta, o que
leva a que os colaboradores não saibam quais são os seus objetivos e o que é
pretendido deles, o que, de acordo com Kotter (2007) é mais um dos principais motivos que levam ao
insucesso do processo de mudança. Geralmente, os gestores focam-se demasiado no
planeamento e nas estratégias a utilizar, escondendo o fato de que não têm um
objetivo concreto, “como navegar no mar com um mapa, mas sem destino”.
Como
vivemos num mundo cada vez mais imprevisível e em constante alteração, deve-se
entender que atingir um objetivo não depende de rotas pré planeadas, mas sim de
instrumentos que nos permitam a adaptação e flexibilidade necessárias que irão permitir
o alcance do objetivo de forma mais rápida e eficiente.
No
Japão, a forma como se trabalha, o processo e as próprias maneiras são considerados
mais importantes do que o próprio objetivo. O ser humano é um ser de rituais,
pelo que encontrar o estado de fluxo num local de trabalho com rituais é mais
fácil do que num local onde as pessoas estão constantemente sob stress
ao tentar alcançar objetivos poucos claros.
Ao
longo deste livro é possível encontrar informações sobre a dieta praticada
pelos habitantes de Okinawa, os seus hábitos diários e diversos exercícios a
praticar para melhorar o metabolismo como Yoga ou o Tai Chi.
A
obra termina com um capítulo muito interessante que aborda a resiliência, capacidade
fundamental para vivermos no mundo atual. Quem possui um Ikigai claro, não deixa
que os contratempos da vida interfiram com a sua paixão, continuando a
concentrar-se no que é realmente importante na sua vida sem alterar a sua
conduta.
Todas
as pessoas têm de enfrentar momentos difíceis e mudanças em algum ponto das
suas vidas, pelo que se torna fundamental treinar o corpo e a mente para atingir
um estado emocional resiliente, que torne a pessoa flexível em termos de
adaptação aos contratempos da vida e saiba como agir face aos mesmos.
De
acordo com os autores, tanto o estoicismo como o budismo contribuem para a
resiliência emocional ao admitir que não é errado aproveitar os prazeres da
vida desde que estes não nos controlem. Deve-se ter consciência do que está sob
o nosso controlo e o que não está, para que não nos preocupemos em demasia com
aquilo que não podemos controlar.
Para
praticar a resiliência, deve-se viver no presente, que é a única coisa que está
sob o nosso controlo, sem nos preocuparmos demasiado com o passado nem com o
futuro.
A
leitura deste último capítulo transmite-nos o conceito japonês do “Ichigo
ichie” que está relacionado com o momento presente que não voltará a
acontecer o que nos faz ter consciência de que nada dura para sempre, e que
tudo o que conhecemos um dia deixará de existir. Aceitar a condição perecível
da natureza que nos rodeia é fundamental para a resiliência emocional e para desfrutarmos
cada momento da nossa vida.
“A Mudança no que nos rodeia não é algo acidental, faz parte da essência do Universo” – Marco Aurélio
Experiência Pessoal de Leitura:
Este
livro despertou-me curiosidade uma vez que sempre senti um grande interesse
pela cultura oriental e pelos seus hábitos quotidianos. O Ikigai é um livro de
leitura fácil com uma escrita atrativa que nos dá a conhecer aquilo que os
autores pretendem transmitir, de forma objetiva e simples.
A
meu ver, este livro é uma leitura obrigatória para quem precisa de desacelerar.
Atualmente vivemos num ritmo muito desgastante, recebendo elevadas quantidades
de informação a todo o instante o que eleva os nossos níveis de stress.
Achei
interessante a comparação que os autores fazem entre os tempos primitivos onde
o stress permitiu a adaptação do ser humano e entre os tempos atuais, onde uma
simples notificação do telemóvel é percebida por muitos como uma ameaça de um
predador.
Na
minha opinião, grande parte da população ocidental tem uma grande dificuldade
em concentrar-se em realizar uma só tarefa e em muitas organizações, a
capacidade de multitasking é vista como algo positivo, no entanto, com a
leitura desta obra, foi possível perceber que o seu efeito é o oposto, uma vez
que a produtividade é significativamente menor.
Enquanto estudante de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos, é fundamental compreender o que motiva as pessoas e treiná-las para que estas se sintam bem no seu local de trabalho. A partir da leitura desta obra, consegui compreender de melhor forma os fatores que contribuem para atingir o estado de fluxo e que o processo é mais importante do que o próprio objetivo, pelo que devemos treinar os colaboradores para o seu autoconhecimento.
Ao permitir que os colaboradores atinjam o
estado de fluxo no seu trabalho, estaremos a contribuir para que estes encontrem
o seu Ikigai, e assim nunca mais tenham de sentir “obrigação” para trabalhar,
mas sim que o façam por ser uma atividade prazerosa.
Caro/a Leitor, para Citar esta Book Review, use esta referência final:
Figueiras, D. (2021). Qual o segredo para uma vida longa e feliz? – Uma Book Review ao Livro Ikigai. Book Review Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Mudança e Desenvolvimento Organizacional’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em:https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2021/01/ikigai-bookreview-diana-figueiras.html
Autora
Diana Figueiras
E-mail: dianafigueiras120@gmail.com
Sobre mim: Sou natural de Portimão. Atualmente sou trabalhadora-estudante na licenciatura em Gestão de Recursos Humanos no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, o que me faz desenvolver diariamente a minha capacidade de gestão. Tenho um grande gosto por viajar e conhecer novas culturas.
www.ismat.pt/pt/
Referências Bibliográficas
García, H., & Miralles, F. (2016). Ikigai: Os segredos dos
japoneses para uma vida longa e feliz.
Kotter, John P. (2007). Leading Change – Why transformation efforts fail. Harvard
Business Review. p.96-103
Ao finalizar a leitura me senti como se tivesse lido o livro!Muito bom!!!
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