sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Book Review “O monge e o executivo” Por: Gabriela Branco

Uma rota inteligível para uma liderança gloriosa -Book Review “O monge e o executivo” Por: Gabriela Branco

Sobre o autor: James C. Hunter, é consultor-chefe da J. D. Associados, empresa de consultoria de relações de trabalho e treinamento. Com mais de 20 anos de experiência, Hunter é muito requisitado como instrutor e palestrante, em especial nas áreas de liderança funcional e organização de grupos comunitários. Atualmente, o autor mora em Michigan-EUA com a esposa e a filha.


Site oficial do autor: http://www.jameshunter.com

Sobre o livro:

Retrata-se a experiência do executivo John Daily, gerente geral de uma renomada fábrica de vidro, que esta passando por um momento critico em todas as áreas de sua vida, pessoal: casamento e relacionamento com os filhos, e profissional: na fábrica onde ele trabalha e no time de beisebol onde é treinador voluntário. Tudo isso não era bem compreendido por John pois tinha um lindo apartamento na cidade, uma casa no lago, dois carros novos, tinha férias duas vezes ao ano e tinha uma boa quantia em dólares acumulado em sua conta bancária. Contudo não percebia o porquê de tudo começar a regredir, o que estava a fazer de errado?

Com a esperança de recuperar o seu casamento e ajudar de alguma forma o seu marido, Rachel sua esposa após muita luta convence-o a conversar com o pastor responsável pela igreja que frequentam, o qual sugere John a participar de um retiro em um Mosteiro em Michigan não muito longe de onde moram.

Durante toda a sua vida John sempre foi abordado coincidentemente com o nome Simeão, em seu batismo, em seu casamento, e em sonho com a seguinte frase: “Ache Simeão, ache Simeão e ouça-o!”

No mosteiro, John e mais cinco pessoas (uma diretora de escola, uma enfermeira, um pregador, um sargento e uma treinadora de uma escola) todos líderes respeitados, formavam o pequeno grupo que passariam uma semana juntos no retiro aprendendo um pouco mais sobre a liderança com um antigo executivo chamado Len Hoffman, de muito sucesso que abandonou tudo após a morte de sua esposa para se dedicar ao mosteiro como monge, que por coincidência ou destino lá adotou o nome de Simeão.

Todos os componentes do grupo disseram o motivo para estarem ali, e na vez de John, Simeão o pergunta o que a pessoa anterior tinha dito e para sua surpresa e vergonha John não soube dizer, pois não prestou atenção, estava ocupado pensando no que ia dizer quando fosse sua vez, nesse ato tão simples, Simeão já os ensina a primeira lição para ser um líder de excelência : a escuta ativa, genuinamente bloquear os próprios pensamentos, e prestar total atenção no que a pessoa a sua frente tem para dizer.

O autor deixa visível logo no início da obra através de Simeão que a melhor definição para liderança é:

·         “Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum”.

É também descrito que a liderança é uma habilidade e assim sendo pode sim ser desenvolvida, levando assim ao tópico influência, e a grande questão vem à tona: Como influenciar as pessoas?

 Para iniciar a resposta para essa pergunta inicia-se a diferenciação entre Poder Vs. Autoridade:

·         Poder é a liberdade para forçar alguém a fazer o que você quer, por causa de sua posição hierárquica, mesmo que essa pessoa não queria fazer o que você disse.”

·         Autoridade é a habilidade capaz de fazer uma pessoa executar uma ação qualquer motivada pela boa vontade e devido a influência pessoal do líder.


O poder é definido como sendo uma faculdade, ao passo que a autoridade é definida como sendo uma habilidade.

A autoridade não é algo material que pode ser comprada, vendida, doada ou retirada. A autoridade diz respeito a própria pessoa, ao seu caráter e à influência que a mesma cria sobre os indivíduos.

O poder destrói os relacionamentos e com o seu uso é possível concretizar os objetivos propostos, porém no longo prazo ele se transforma em algo perigoso para os relacionamentos, um grande exemplo da consequência disso são as rebeliões. A chave para a liderança é realizar as tarefas ao mesmo tempo em que se constrói relacionamentos.

 

Durante os encontros realizados durante a semana o monge Simeão aposta em ensinar sobre a liderança baseada em servir, o líder servidor ou servir para liderar. Grande parte de sua inspiração em partilhar conhecimentos advém da inspiração em Jesus Cristo na sua servidão e sacrifício com o próximo e em como com o amor ágape que consiste em tratar o próximo da mesma maneira que gostaria de ser tratado, sem de fato amar o próximo sentimentalmente falando, mas sim como um comportamento, proposto pelo mesmo pode influenciar e levar a uma boa e inspiradora liderança (Hunter,2004).

O monge Simeão expõe os conceitos de liderança baseado no amor ágape afirmando assim que são sinónimos: abnegação, bondade, compromisso, honestidade, humildade, paciência e perdão.

Dessa maneira um líder necessita abster-se de seus interesses, necessidades e vontades, sempre a buscar o melhor para todos. Assim sendo a liderança se desenvolve sobre a autoridade, que tem como base o serviço e sacrifício, que são fundamentados no amor e na vontade.

Segundo o autor, o amor está baseado na vontade em ter algo feito podendo ser definida com a seguinte equação: vontade=ação +intenções, com o foco em conquistar os objetivos de forma assertiva.

Ressalta ainda que a liderança se inicia com decisão em assumir responsabilidades e compromissos e Simeão comenta:

 Se não queremos o bebê, abortamos, se não queremos o cônjuge, nos divorciamos, e se não queremos o vovô, praticamos a eutanásia. Uma linda sociedade descartável. Sim, todos querem estar envolvidos, mas ninguém quer estar comprometido. Há uma grande diferença entre os dois.”

E finaliza o pensamento com o autor Leon Tosloi: “Todos querem mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo”.

Ao mencionar sobre paradigmas, Simeão aufere que são modelos ou até mesmo mapas usados para trilhar caminhos na vida. Os paradigmas são inestimáveis, mas também perigosos, ou seja, precisa-se aceitar mudanças que carregam crescimento, e às vezes se apegar a paradigmas antigos e ultrapassados deixam os indivíduos apegados às antigas e não eficientes formas de agir. O novo paradigma mencionado consiste na pirâmide invertida onde muitas organizações colocam os chefes como uma prioridade, “manter o chefe feliz” e esquecem que na verdade os clientes é que são a prioridade máxima.

 

Fonte: Livro “O monge e o executivo”, página 28.

Um bom líder deve ser apto em propiciar um ambiente de trabalho saudável, e adequado para que as tarefas sejam realizadas do mesmo modo que ao desenvolvimento pessoal de cada um dos colaboradores. Foi comentado, por exemplo, de como as crianças ao se tornarem adultos apresentam diferentes comportamentos quando se é comparado ao ambiente ao qual cresceram (ambiente hostil ou saudável) e como isso realmente afeta as ações de uma vida inteira.

No âmbito da disciplina de mudança e desenvolvimento organizacional, ao relacionar-se com a obra mencionada, a mudança certamente retira todos de uma zona de conforto e consequentemente força-os a encarar e realizar tarefas de uma maneira diferente, o que é algo bem complicado. Uma missão e visão bem determinadas facilita os liderados a terem um propósito dentro da organização o que consequentemente facilita as ações motivadas e com sentido rumo aos objetivos celebrando sempre as pequenas vitórias que incentivam não só os liderados, mas a eficiência, confiança e respeito de todos ao redor. Ressalta-se também conforme Robert Kelley, que o líder não pode só focar nos liderados que dizem sim para tudo, os famosos conformistas. Mas sim desafiar-se cada vez mais a lidar com liderados pragmáticos, alienados, passivos e manter boas relações com os eficazes, desafiando-os sempre que possível.

Retratando agora da minha experiência pessoal na obra em questão, ressalto que foi uma leitura muito interessante onde pude ler e refletir cada detalhe descrito no livro em especial perceber o meu próprio comportamento de forma inédita, em várias situações citadas no livro, mas principalmente quando Simeão menciona C. S. Lewis:

“Se você não acreditar que é autocentrado, provavelmente é autocentrado. Para ilustrar sua afirmação, ele nos desafia a olhar para uma coleção de fotografias de família e perguntar a nós mesmos: "Julguei, ou não, a qualidade da foto dependendo de como eu saí nela?"

Quantas e quantas vezes eu julguei a qualidade de uma foto só porque não gostei de como eu saí nela. Me fez realmente refletir o quão egoístas nós somos e as vezes nem percebemos o que me faz recordar do conceito de abnegação onde consiste em satisfazer as necessidades dos outros, mesmo antes que as nossas próprias sejam satisfeitas. Realmente impactante, me senti que a cada página lida uma luz de reflexão e ideias sobrevoava os meus pensamentos.

Recomendo de olhos fechados a leitura desse livro, pois além de serem poucas páginas, o conteúdo é claro e objetivo focado em abordar os caminhos para ser um líder baseado na autoridade derivada do amor e não no poder. O que não só auxilia na vida profissional, mas também na vida pessoal.

 

Bibliografia:

Hunter, J.C. (2004). O Monge e o executivo- Uma história sobre a essência da liderança. Rio de Janeiro: Editora Sextante.


https://www.ismat.pt

Autora: Gabriela Branco

E-mail: gabrielawhite14@gmail.com


Sobre mim: Uma pessoa muito curiosa, que tem sede de conhecimento, sempre em busca de novos desafios

Caro/a Leitor, para Citar esta Book Review, use esta referência final:

Branco, G. (2020). Uma rota inteligível para uma liderança gloriosa. Book Review do livro:” O monge e o Executivo-Uma história sobre a essência da liderança” Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Mudança e Desenvolvimento Organizacional’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2021/01/uma-rota-inteligivel-para-uma-lideranca.html 

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