quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Book Review:“Transformar Pessoas para Transformar Organizações” por Sofia Nobre

 



Book Review: O Principezinho Põe a Gravata
Transformar Pessoas para Transformar Organizações” 


Sobre o Autor


Borja Vilaseca nasceu em Barcelona, a 4 de fevereiro de 1981.  Licenciou-se em Jornalismo e especializou-se em temas de responsabilidade social, liderança em valores e economia consciente. Desde cedo, destacou-se pela sua abordagem humanista e transformadora, focando-se na criação de iniciativas que conectem as pessoas aos seus valores mais profundos.

É o fundador do Mestrado em Desenvolvimento Pessoal e Liderança da Universidade de Economia de Barcelona, um programa pioneiro que visa promover uma liderança consciente e o desenvolvimento do potencial humano. Este mestrado tem como objetivo transformar não apenas os líderes, mas também as organizações, tornando-as mais humanas e sustentáveis. Entre 2007 e 2016, colaborou regularmente com o jornal El País, onde escreveu artigos e reportagens sobre transformação pessoal e organizações conscientes. Através das suas palavras, ajudou a difundir ideias inovadoras sobre autoconhecimento e liderança transformacional. Atualmente, é sócio fundador da consultora Koerentia, uma empresa especializada em autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e liderança organizacional. O foco da consultora é ajudar indivíduos e empresas a alinharem os seus valores com as suas práticas, criando ambientes de trabalho mais significativos e humanizados.

·       Resumo do Livro

O Principezinho Põe a Gravata, de Borja Vilaseca, é uma releitura contemporânea do clássico O Principezinho, mas adaptada ao contexto organizacional. A narrativa é uma crítica poderosa às dinâmicas do mundo do trabalho, onde o capital e os objetivos empresariais frequentemente se sobrepõem aos valores humanos. Inspirada numa reportagem sobre uma consultora com 73 colaboradores, a história destaca o impacto das mudanças implementadas por Pablo, que conseguiu multiplicar os lucros da empresa em 110%. O protagonista, Pablo Príncipe, é um jovem idealista que se encontra num ambiente empresarial típico, onde os colaboradores estão desmotivados, as lideranças são autoritárias e a cultura organizacional está desconectada dos valores fundamentais. A empresa descrita é um reflexo de muitas que conhecemos: focada exclusivamente nos lucros, sem uma estratégia clara de integração dos colaboradores e sem atenção à realização pessoal. Perante esta realidade, Pablo assume o cargo de "Responsável por Pessoas e Valores" e inicia uma transformação cultural baseada no autoconhecimento e na comunicação aberta. Ele organiza uma formação para todos os colaboradores, incluindo os níveis hierárquicos mais altos, criando um espaço seguro para a reflexão coletiva. A formação evidencia que os problemas da empresa não residem nas tarefas ou funções dos colaboradores, mas na falta de empatia, respeito e comunicação eficaz. Gradualmente, a transformação vai-se consolidando: os colaboradores assumem as suas responsabilidades, trabalham em conjunto para melhorar o ambiente organizacional e adotam uma postura proativa em vez de reativa. A mudança, embora lenta, é profunda e impactante. O livro termina com uma mensagem clara e inspiradora: a verdadeira mudança organizacional só é possível quando os valores pessoais se alinham aos valores da empresa.

A Minha Opinião

Ler O Principezinho Põe a Gravata foi uma experiência extremamente enriquecedora e inspiradora. Desde o início, senti-me profundamente envolvida pela jornada de Pablo e pela forma como ele encarou os desafios organizacionais. Este livro é muito mais do que uma crítica ao mundo corporativo, é um convite à introspeção, tanto para líderes como para colaboradores. A simplicidade com que o autor aborda temas complexos é notável. A utilização da gravata como uma metáfora é brilhante, representando as pressões e normas que nos levam a moldar a nossa identidade para nos adaptarmos ao ambiente organizacional. Este símbolo fez-me refletir sobre quantas vezes, no nosso dia-a-dia, colocamos uma "gravata invisível" para corresponder a expectativas externas, mesmo que isso comprometa os nossos valores e autenticidade. Outro aspeto marcante do livro é a ênfase na importância do propósito no trabalho. Em vez de se focar apenas nos lucros, o autor relembra-nos que o trabalho deve ser uma extensão dos nossos valores e uma fonte de significado. Acredito firmemente que o propósito é um dos pilares fundamentais para a motivação e o sucesso a longo prazo. Contudo, algumas soluções apresentadas por Pablo podem parecer demasiado idealistas, especialmente em contextos empresariais mais rígidos ou conservadores. Nem sempre é fácil implementar mudanças culturais profundas, sobretudo quando existem resistências estruturais ou lideranças pouco abertas à transformação. Ainda assim, a mensagem central do livro é clara e universal: a transformação começa dentro de nós. Este ensinamento, quando aplicado ao mundo do trabalho, é uma lição poderosa para todos os que desejam liderar com propósito e humanidade.

Reflexão Integrativa com os Temas da UC

O livro conecta-se profundamente com os conteúdos abordados na unidade curricular de Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional (MIDO). Uma das relações mais evidentes é com o modelo de mudança organizacional de Kurt Lewin, que é aplicado quase de forma intuitiva por Pablo ao longo da narrativa:

  1. Descongelar: Pablo cria um senso de urgência e promove a reflexão interna, despertando os colaboradores para problemas antes ignorados. A formação funciona como o ponto de partida para "descongelar" as barreiras emocionais e culturais existentes.
  2. Alterar: Durante a formação, Pablo introduz novas práticas de comunicação e respeito, demonstrando que é possível agir de forma diferente para alcançar melhores resultados.
  3. Recongelar: As mudanças passam a ser implementadas gradualmente, com os colaboradores a consolidarem as novas práticas no dia a dia e a assumirem maior responsabilidade pelas suas ações.

Outro tema central é a motivação intrínseca, amplamente explorada na teoria de Daniel Pink (Drive). Pablo evita o uso de incentivos externos para motivar os colaboradores e aposta em valores como o propósito, a autonomia e o crescimento pessoal. Esta abordagem é extremamente eficaz, pois vai ao encontro das necessidades mais profundas das pessoas, ajudando-as a encontrar significado no trabalho.

·        A Minha Experiência como Reviewer

Escolhi este livro porque acredito que a gestão de pessoas deve transcender metas e indicadores financeiros, refletindo humanidade e empatia. Enquanto estudante de Gestão de Recursos Humanos, a leitura desta obra foi transformadora, levando-me a refletir sobre o tipo de líder que quero ser no futuro.

A metáfora da gravata fez-me pensar nas vezes em que as pressões externas nos afastam dos nossos valores. Esta reflexão desafiou-me a questionar como posso promover ambientes onde as pessoas sejam valorizadas pela sua autenticidade e criatividade. Quero liderar com respeito, transparência e empatia, seguindo o exemplo de Pablo Príncipe.

Concluo que O Principezinho Põe a Gravata não é apenas uma obra inspiradora, mas também uma ferramenta prática para quem deseja criar organizações mais humanas e sustentáveis. Este livro trouxe-me insights preciosos que levarei comigo para a minha carreira enquanto futura gestora de Recursos Humanos.

·        Sobre Mim

O meu nome é Sofia Nobre, tenho 32 anos e sou estudante de Gestão de Recursos Humanos no ISMAT (www.ismat.pt). Sou apaixonada por desenvolvimento pessoal e acredito que o trabalho deve ser uma extensão dos nossos valores. O meu objetivo é contribuir para a criação de ambientes organizacionais mais humanos, onde as pessoas possam crescer, prosperar e alinhar os seus valores pessoais com os valores das empresas.

Para aprofundar os temas abordados no livro, explorei recursos complementares:

Borja Vilaseca. Site de Borja Vilaseca: Espaço onde o autor partilha insights valiosos sobre desenvolvimento pessoal e liderança consciente. https://borjavilaseca.com

Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Início - ISMAT. https://www.ismat.pt

Madero-Gómez, S., Soto-Ontiveros, C., & Arias-Meza, C. E. (2024). Conociendo la teoría de motivación de Daniel Pink, desde un enfoque cualitativo. Revista Latinoamericana de Psicología, 56(1), 45-58. https://doi.org/xxxxx (Substituir por DOI real, se aplicável)

Vilaseca, B. (2023). O Principezinho põe a gravata (Edição de bolso - Brochado). Fnac.pt. https://www.fnac.pt

Recursos da Harvard Business Review sobre liderança humanizada e práticas sustentáveis.https://hbr.org

Caro/a Leitor, para Citar esta book Review, use esta referência final: 

Nobre, S. (2024). Transformar Pessoas para Transformar Organizações. Book Review Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em: https://desenvolvimento-organizacional.blogspot.com/2024/12/book-review-o-principezinho-poe-gravata.html

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Book Review: O Poder e os Limites das Decisões Intuitivas - by Dina Santos

 Book Review

 

Blink - Decidir num Piscar de Olhos

Book Review: O Poder e os Limites das Decisões Intuitivas


https://www.ismat.pt

https://www.wook.pt/livro/blink-malcolm-gladwell

https://www.youtube.com/watch?v=TGx8rjgdIXk


Biografia do Autor: 

 

       Malcolm Gladwell (1963-), é um escritor, jornalista e palestrante canadiano-britânico, amplamente reconhecido pelas suas contribuições na análise de fenómenos sociais e comportamentais. Nascido em Fareham, Inglaterra, mudou-se ainda criança para o Canadá, onde cresceu em Elmira, Ontário. Licenciou-se em História pela Universidade de Toronto, na Trinity College, em 1984.

Antes de se dedicar à escrita de livros, construiu uma carreira notável como jornalista, trabalhando no The Washington Post, onde cobriu temas de ciência e negócios, e, posteriormente, como editor da revista The New Yorker. A sua experiência jornalística e o interesse pelo comportamento humano moldaram a sua abordagem narrativa, caracterizada pela conjugação de rigor analítico e storytelling acessível.

Autor de várias obras de sucesso, incluindo “The Tipping Point” e “Outliers”, Gladwell popularizou conceitos de psicologia, sociologia e economia comportamental junto do público geral,conjugando rigor analítico com uma narrativa acessível. Além disso, é fundador e apresentador do podcast Revisionist History, no qual revisita eventos históricos e culturais sob novas perspetivas.


Resumo do Livro: 

            "Blink: Decidir num Piscar de Olhos", de Malcolm Gladwell, analisa o poder das decisões rápidas e intuitivas, frequentemente tomadas em frações de segundo. O autor introduz o conceito de thin-slicing (fatiamento fino), que descreve a capacidade do cérebro humano de extrair padrões e conclusões precisas com base numa quantidade limitada de informações. Gladwell argumenta que, em muitos casos, estas decisões intuitivas podem ser tão ou mais eficazes do que aquelas baseadas em análises detalhadas e demoradas.

Para ilustrar as potencialidades e limitações da intuição, Gladwell apresenta uma série de exemplos práticos. Um deles é o caso do reconhecimento quase instantâneo de uma escultura falsa por especialistas em arte, evidenciando como a experiência acumulada permite identificar incongruências subtis. Outro exemplo destacado é o método de John Gottman, que consegue prever com elevada precisão a probabilidade de divórcio ao analisar breves interações entre casais. O autor explora ainda o chamado “Erro de Warren Harding”, um exemplo de como preconceitos inconscientes podem levar a decisões erradas, neste caso, a eleição de um presidente com base na sua aparência imponente e não nas suas competências reais. Para reforçar a ideia dos vieses inconscientes, Gladwell menciona o Teste de Associação Implícita (IAT), que demonstra como as decisões intuitivas podem ser influenciadas por estereótipos e preconceitos subconscientes.

Adicionalmente, Gladwell aborda os perigos associados às decisões rápidas, como o excesso de informação, que pode obscurecer o julgamento, ou a ausência de experiência suficiente, que pode comprometer a fiabilidade da intuição. Por outro lado, sublinha que a especialização é um fator determinante na eficácia das decisões intuitivas, uma vez que permite ao cérebro reconhecer padrões subtis com maior precisão.

O autor conclui que, para tomar decisões rápidas mais eficazes, é essencial treinar a intuição, simplificar os dados disponíveis e reconhecer os vieses cognitivos que podem influenciar o processo. Assim, "Blink" não só oferece uma reflexão sobre o papel da intuição, como também propõe estratégias para potenciar o seu uso em diferentes contextos.


Opinião Pessoal sobre o Livro: 

O livro "Blink: Decidir num Piscar de Olhos", apresenta uma proposta inicial promissora ao explorar o papel da intuição e do subconsciente na tomada de decisões rápidas e eficazes. A obra destaca-se, num primeiro momento, pela linguagem acessível e envolvente, que facilita a leitura e a torna cativante mesmo para um público sem formação académica aprofundada. O uso de diversos exemplos interessantes, como o reconhecimento instantâneo de uma escultura falsa ou a previsão de divórcios por John Gottman, enriquece a narrativa e desperta a curiosidade do leitor. Estes elementos conferem à leitura um ritmo fluído e promovem uma maior consciência sobre a importância da intuição no processo decisório.

No entanto, à medida que a leitura avança, o impacto inicial da obra é enfraquecido por uma repetição temática evidente. Gladwell explora as mesmas ideias sob diferentes perspetivas, mas sem adicionar profundidade ou novas informações substanciais. Esta abordagem resulta numa leitura por vezes monótona e num desenvolvimento argumentativo pouco robusto. Embora o autor defenda que a intuição pode ser treinada e refinada para melhorar a qualidade das decisões rápidas, a obra carece de estratégias concretas ou de orientações práticas que permitam aplicar os conceitos apresentados à vida quotidiana.

Outro aspeto que limita o impacto da obra é a aparente desconexão entre muitos dos exemplos utilizados. Embora sejam intrigantes de forma isolada, faltam ligações consistentes que os enquadrem num argumento coeso. Além disso, o livro apresenta uma certa ambiguidade ao abordar a intuição: enquanto argumenta que decisões rápidas podem ser eficazes, reconhece que estas só são fiáveis quando baseadas em elevada experiência e especialização. Um exemplo claro é o trabalho de John Gottman, cuja capacidade de prever divórcios em segundos depende de décadas de investigação e não de uma intuição generalista. Esta contradição levanta dúvidas sobre a aplicabilidade universal dos conceitos apresentados, uma vez que o autor não esclarece quando é adequado confiar na intuição e quando é necessário recorrer à análise racional.

Como leitora, embora tenha encontrado momentos interessantes e adquirido uma maior consciência sobre a importância da intuição e dos sinais subtis que moldam as decisões, senti que a leitura não trouxe uma transformação significativa. O livro não correspondeu às minhas expectativas de uma abordagem mais profunda e prática. Prefiro obras que explorem os temas de forma mais detalhada ou que ofereçam ferramentas concretas para o dia a dia. Assim, "Blink" deixou-me com a sensação de que, apesar de uma introdução cativante e de exemplos apelativos, a obra não conseguiu alcançar o seu pleno potencial enquanto guia para a compreensão e utilização eficaz da intuição.


Reflexão Integrativa com os Conteúdos da UC:

O livro "Blink: Dicidir num Piscar de Olhos" estabelece uma relação significativa com os temas abordados na unidade curricular Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional, especialmente nas áreas da tomada de decisão, resolução de problemas, gestão de equipas e desenvolvimento de competências intuitivas em contextos organizacionais.

Um dos conceitos centrais do livro, o thin-slicing (fatiamento fino), revela-se particularmente relevante para cenários de mudança e de complexidade, frequentemente enfrentados nas organizações. Esta capacidade de extrair padrões relevantes a partir de dados limitados pode ser essencial no diagnóstico organizacional, na gestão de crises e na avaliação de desempenho. Assim, o thin-slicing complementa os métodos mais analíticos abordados na disciplina, evidenciando que decisões rápidas e intuitivas, quando baseadas em experiência e conhecimento, podem ser eficazes na gestão da complexidade.

Outro aspeto central do livro que se relaciona com a unidade curricular é a discussão sobre o impacto dos preconceitos inconscientes na tomada de decisão. Este tema tem implicações diretas para áreas-chave da gestão de Recursos Humanos, como recrutamento, seleção, promoção e avaliação de desempenho. A sensibilização para estes vieses é essencial para implementar práticas mais equitativas e justas nas organizações, contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura organizacional mais inclusiva. Como futuras gestoras de RH, um dos nossos papéis é identificar e mitigar a influência de preconceitos inconscientes, promovendo processos decisórios mais imparciais e alinhados com os valores de diversidade e justiça.

Ao apresentar a intuição como um complemento às abordagens racionais e analíticas, o livro reforça a importância de integrar diferentes perspetivas no processo de tomada de decisão. Esta visão holística é fundamental para enfrentar os desafios organizacionais contemporâneos, onde o equilíbrio entre rapidez, precisão e imparcialidade é indispensável para alcançar resultados eficazes e sustentáveis.


A Minha Experiência como Leitor e Reviewer:

Como leitora e reviewer, a minha experiência com este livro começou por recomendação da professora, uma vez que não tinha conhecimento prévio nem da obra nem do autor. As primeiras páginas cativaram-me pela clareza da escrita e pela abordagem interessante à intuição e à tomada de decisão, o que me motivou a prosseguir a leitura. No entanto, ao longo do livro, fui sentindo alguma desilusão, pois esperava uma abordagem mais prática e orientada para estratégias concretas que pudessem ser aplicadas no dia a dia. Ainda assim, a leitura proporcionou-me uma maior consciência sobre a importância das decisões intuitivas, levando-me a refletir sobre o meu próprio processo decisório, que até agora tende a ser excessivamente racional.

Esta nova perspetiva ajudou-me a valorizar a intuição como um complemento importante ao raciocínio lógico, o que será particularmente relevante para a minha futura prática como gestora de recursos humanos. Compreender os vieses inconscientes descritos no livro também é uma lição valiosa, uma vez que estes poderão influenciar decisões críticas em áreas como o recrutamento, a avaliação de desempenho e a gestão de equipas. Apesar das limitações que identifiquei na obra, reconheço que ela contribuiu para um maior autoconhecimento e para a preparação de ferramentas internas que me ajudarão a tomar decisões mais equilibradas e eficazes no contexto organizacional.


Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos

Ano letivo 2024/2025

UC: Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional

Docente: Patrícia Araújo

Discente: Dina Santos

Email: diinnass@gmail.com


Book Review- Sucesso sem mudança?- By Débora Pinheiro

 

Biografia 

Spencer Johnson (1938-2017), autor do livro “Quem Mexeu no meu Queijo”, foi um médico e escritor norte-americano, reconhecido pelas suas contribuições na área do desenvolvimento pessoal. Nascido em Dakota do Sul, formou-se em Psicologia pela Universidade do Sul da Califórnia e em Medicina pelo Royal College of Surgeons, na Irlanda. Antes de se dedicar à escrita, trabalhou como consultor médico em instituições prestigiadas como a Harvard Business School e a Mayo Clinic.

A sua formação médica e o interesse pelo comportamento humano influenciaram a sua abordagem à escrita, focando-se em temas como liderança e adaptação à mudança. Ao longo da sua carreira, tornou-se um palestrante procurado, sendo amplamente respeitado pela sua capacidade de traduzir conceitos complexos em mensagens simples e práticas. O seu legado permanece relevante, especialmente no campo da gestão e desenvolvimento pessoal.


Resumo do livro 







Quem Mexeu no Meu Queijo?, de Spencer Johnson, é uma fábula alegórica que examina as diversas reações humanas face à mudança e a importância da adaptação em contextos de incerteza. A narrativa acompanha dois ratos, Sniff e Scurry, e dois seres humanos em miniatura, Hem e Haw, que habitam num labirinto à procura de queijo, o qual simboliza os objetivos, a felicidade ou o sucesso. Inicialmente, todos encontram uma vasta fonte de queijo. Contudo, quando esta desaparece, os protagonistas reagem de forma distinta: os ratos adaptam-se rapidamente e partem à procura de novos recursos, enquanto os humanos revelam maior resistência emocional e intelectual. Hem recusa-se a sair, esperando que o queijo regresse, enquanto Haw, após hesitar, decide enfrentar os seus receios e explorar o labirinto.

Haw, ao longo da sua jornada, reflete sobre as consequências do apego ao passado e a necessidade de agir para superar adversidades. Nas paredes do labirinto, escreve ensinamentos que sintetizam as lições aprendidas, como "quanto mais cedo deixares o queijo velho, mais depressa encontrarás o novo". Posteriormente, , Haw descobre uma nova fonte de queijo, onde reencontra os ratos, que já tinham ajustado o seu comportamento às novas circunstâncias. Tal contraste evidencia a importância de uma mentalidade aberta e resiliente, bem como os riscos associados à estagnação e ao medo de mudança, exemplificados pela decisão de Hem de permanecer imóvel, recusando-se a agir.

A obra destaca, através de uma narrativa simples mas profunda, que a flexibilidade, a capacidade de antecipar mudanças e a coragem para explorar novas possibilidades são essenciais para alcançar novos sucessos. Assim, o livro funciona como uma poderosa metáfora para o desenvolvimento pessoal e organizacional, incentivando o leitor a superar resistências e a abraçar transformações com uma atitude otimista e proativa.



Lições retiradas 


Ao longo desta fábula, é possível retirar diversas lições importantes para aplicarmos no nosso dia-a-dia, sobre como lidar com a mudança e prosperar em situações de incerteza. Uma das mensagens fundamentais é a inevitabilidade da mudança e a necessidade de a aceitar. Transformações são uma constante na vida, e resistir a elas, como exemplificado por Hem, que permanece estagnado à espera do regresso do queijo, resulta em perda de tempo e oportunidades. Em contrapartida, Haw demonstra que aceitar a mudança, mesmo com medo, é o primeiro passo para progredir. A aceitação é um ato de libertação, permitindo abrir espaço para novas possibilidades.

Outra lição importante é a importância de antecipar mudanças. Sniff e Scurry, os ratos, simbolizam a simplicidade e a capacidade de estar atentos aos sinais de alteração no ambiente, o que lhes permite agir prontamente e procurar alternativas. Esta antecipação contrasta com a atitude de Hem e Haw, que inicialmente ignoram os indícios de que a fonte de queijo está a diminuir. 

A capacidade de adaptação surge também como uma competência essencial para superar desafios. Haw aprende, ao longo da sua jornada, que persistir em estratégias obsoletas é contraproducente. Ao abandonar o local do desaparecimento do queijo e explorar o labirinto, Haw simboliza a coragem de ajustar comportamentos e atitudes em função da nova realidade. Este princípio aplica-se tanto à vida pessoal como à profissional, sublinhando que o sucesso está frequentemente associado à flexibilidade e à disposição para experimentar caminhos alternativos.

A obra também destaca que o medo, embora natural, pode ser superado e usado como um catalisador para o crescimento. Haw reflete sobre a forma como o receio do desconhecido inicialmente o paralisara, mas, ao dar pequenos passos e confiar no processo, foi capaz de os ultrapassar. Esta lição incentiva os leitores a enfrentarem as suas inseguranças, confiando que o progresso é mais poderoso do que a inação. Superar o medo é um ato de transformação pessoal, que permite abraçar mudanças com uma atitude mais confiante e otimista.

Por fim, o livro ensina que abandonar o passado é crucial para abrir espaço para o futuro. O apego ao “queijo velho”, como mostrado por Hem, impede o progresso e perpetua o sofrimento. Em contrapartida, Haw percebe que a felicidade e o sucesso reside na procura pelo novo e que deixar para trás o que já não serve é libertador. Aqui, destaca-se a importância de nos focarmos no presente e de olhar em frente, reconhecendo a mudança como uma oportunidade de evolução e crescimento. 



Opinião como leitor


O livro Quem Mexeu no Meu Queijo? teve um impacto surpreendentemente significativo na minha vida, muito maior do que inicialmente esperava. A simplicidade e clareza com que aborda o tema da mudança fez-me refletir profundamente sobre as minhas próprias atitudes perante situações desafiadoras. Após descobrir toda a história por detrás do queijo, percebi que as lições ali apresentadas têm uma aplicação prática e imediata. Desde então, tenho tentado não só aplicá-las no meu quotidiano, mas também partilhá-las com amigos e familiares, acreditando que podem trazer benefícios semelhantes às suas vidas.

Embora a história seja curta, o que considero um ponto positivo para a acessibilidade e impacto rápido, reparei que a narrativa, por vezes, recorre a uma repetição excessiva de conceitos que já foram compreendidos. Isso pode tornar a leitura menos envolvente em certos momentos. Além disso, achei a conclusão do livro um pouco forçada, especialmente na parte em que os amigos de Haw, ao ouvirem a história, dizem de forma quase caricatural que vão mudar as suas vidas por completo. Este desfecho soa pouco natural e pode diminuir a autenticidade do impacto que a mensagem pretende transmitir. No entanto, a apreciação geral é positiva e, a partir de agora, sempre que me vir confrontada com dilemas entre a segurança do curto prazo e as oportunidades do longo prazo, irei priorizar o que me trará maior crescimento, mesmo que isso implique sair da minha zona de conforto. 



Interligação com a UC 


É possível estabelecer um paralelo entre o processo de "luto", desenvolvido por Elisabeth Kübler-Ross, e as reações das personagens em Quem Mexeu no Meu Queijo?. No início da história, tanto Hem como Haw mostram sinais de negação. Hem, em particular, recusa-se a aceitar que o queijo desapareceu e acredita que ele retornará, esperando que tudo volte ao estado anterior sem precisar de esforço da sua parte. Por outro lado, a raiva manifesta-se na frustração e no ressentimento que ambos sentem, especialmente Hem, que se recusa a aceitar a situação e se sente injustiçado pela perda do seu conforto. A raiva surge frequentemente como uma reação à percepção de que algo foi tirado sem aviso e que não há controlo sobre o que está a acontecer.

À medida que a narrativa avança, a personagem de Haw começa a passar por uma fase de negociação, tentando racionalizar os seus medos e ponderar as opções disponíveis, tentando encontrar uma solução que minimize a dor da perda. A fase de depressão é visível nos momentos de hesitação e medo de Haw, que, apesar de compreender a necessidade de mudança, ainda sente insegurança em dar o próximo passo. Hem, por sua vez, entra numa espécie de estagnação emocional, incapaz de sair da sua zona de conforto e continuar a sua procura.. 

Finalmente, a aceitação ocorre quando Haw decide aceitar a mudança como uma oportunidade de crescimento, reconhecendo que o queijo não voltará e que a única solução é procurar novas alternativas. A comparação entre ambos os processos revela como a resistência inicial à mudança, por mais dolorosa que seja, pode dar lugar ao crescimento pessoal e à descoberta de novas oportunidades.


Sobre mim

            O meu nome é Débora Pinheiro, tenho 23 anos, nasci e cresci em Faro. Sou estudante de Gestão de Recursos Humanos no ISMAT, localizado em Portimão. 

Email: deborapinhas123@gmail.com



ISMAT:

https://www.ismat.pt/


Vídeo Youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=DpG7r9nIyPs&t=636s


Livro Fnac: 

https://www.fnac.pt/Quem-Mexeu-no-Meu-Queijo-Spencer-Johnson/a175656


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