sábado, 22 de janeiro de 2022

"Porquê aprender a negociar?" - Uma Book Review do livro ""Como Chegar ao Sim", por João Ferromau

 





A negociação é algo que está presente quase desde que nascemos. Não o conceito de negociar propriamente dito, mas a sua base, tomar decisões. Certamente, não era com 5 anos de idade, nem com 10 que eu tentava negociar com os meus pais o facto de preferir ir jogar à bola para a rua ao invés de ir fazer os meus trabalhos de casa, mas acordava que depois de os fazer, podia usufruir de algum tempo de lazer. Negociar passa por tomar as melhores decisões para poder maximizar os nossos interesses.

O ato ‘’negociar’’ sempre foi algo que me cativou bastante, e conhecer as suas características, as suas fases, os seus dilemas e problemas, sempre foi do meu interesse.

Porém, sempre olhei para a ilusão de que, o negociar era uma batalha, e o vitorioso era aquele era mais imponente, e realmente é, mas para mim o ser imponente era alguém arrogante, impiedoso, frio, e ganancioso, como dizia o meu avô e peço desculpa pela expressão ‘’para ganhares na vida tens que ser sacana’’, mas ao longo do tempo vim a reparar que esta prática requer outros moldes, mais subtis, estratégicos e emocionais.

Começando pelo primeiro capítulo, onde são aqui revelados os 3 critérios de um método de negociação, a produção de um acordo sensato caso seja possível, a eficiência, e o relacionamento entre as partes. O último critério contradiz a sensação que anteriormente tinha sobre aquele que saía como melhor negociante, pois a produção de um bom resultado negocial, depende da relação entre A e B, e para isso é necessário que esteja em cima da mesa os interesses de cada um, a resolução de conflitos de uma forma razoável e tendo em conta estas variáveis, o percurso até ao acordo tem que ser duradouro, para que todos os detalhes sejam analisados, discutidos e tratados da forma mais plausível possível.

No seguimento desta linha de pensamento do 3º critério, e como podemos encontrar no livro, é também importante que seja evitável abordar o processo com posições tomadas, tendo em conta que, pelo menos no início, ninguém é melhor do que ninguém e esta prática leva na sua maioria, a conflitos indesejáveis e que não são contributivos para o objetivo inicial, chegar a um acordo de forma consentida. Devemo-nos concentrar nos interesses e não em tomar posições, e só assim chegamos a um acordo sensato, pois se tomarmos posições nunca vamos conseguir ser compatíveis com a outra parte, mas existem sempre interesses em comum, também conflitantes, mas temos de nos focar naquilo que pode ser compatível para podermos chegar a um resultado positivo.

No entanto, nem todas as pessoas são iguais, e existe muitas que entram para as discussões negociais a fim de serem somente elas mesmas, bem-sucedidas, não tendo em conta a outra parte e para isto, é óbvio que temos de adotar estratégias que contornem a situação. Por diversas razões isto acontece, e não por partir de alguém com mau caráter mas porque somos todos diferentes, com gostos, opiniões, perceções e hábitos diferentes, uns mais vincados que levam as suas opiniões de forma cega para cima da mesma muitas vezes, o que pode ser útil, mas muitas vezes desastroso, pois compromete aquilo que referi anteriormente, a chegada a um ‘’acordo sensato’’, pois é um aspeto que certas pessoas detêm que pode repercutir em discussões desagradáveis no decorrer do processo, pelo que certas frustração pode acontecer depois de sentirem que o seu ego foi atingido. Mas o ponto fulcral é que, são pessoas que tornam o processo complicado, pela sua personalidade e pelas suas ideologias bastante vincadas, são o tipo de negociador que se encontra em constante ataque, de duas formas, a primeira atacam os nossos interesses, e caso não resulte, atacam-nos a nós. E foi aqui, não só durante a minha leitura, mas já há muito tempo, que pensava neste tipo de pessoas e em que método poderia, não digo superiorizar, mas no mínimo contornar, este estereótipo de negociantes.

Mais à frente encontrei algo que me atraiu bastante, ‘’o tal método de contornar a questão que acabei de abordar, a negociação jiu-jitsu, método este que passa por manter o equilíbrio emocional estável enquanto sofremos ataques por parte da outra parte, não reagindo às definições de posição do outro. Quando a outra parte toma uma posição, não devemos atacar essa posição, mas sim retratar como essa posição pode contribuir negativamente para o resultado final. Caso a outra parte ataque as nossas ideias, não devemos gerar discussão a partir daí ou tentar dar a perceber que estamos corretos, mas sim tentar perceber o porquê do motivo da rejeição. E por fim, tentar tornar a negociação o mais impessoal possível, considerando, caso existam, os ataques pessoais como a ataques ao problema, e não a nós.

Para negociar é necessário ter um pensamento crítico, é necessário pensar de forma independente e estar atento aos efeitos do seu próprio comportamento e do comportamento da outra parte. É também importante executar aquilo que é um planeamento ‘’engajado’’ demonstrando empenho pela causa, demonstrar senso de pertença, pois estamos a lutar pelos nossos interesses e saber solucionar os problemas envolvidos na tomada de decisão.

Escolhi este livro, porque, tal como referi anteriormente, sempre quis saber mais sobre os parâmetros e alguns termos técnicos que envolvem o acordo ou a negociação. É importante, porque trata-se de algo que irá estar sempre presente na nossa vida, seja no contexto pessoal ou profissional. Uma vez que me encontro na área de gestão também pensei que pudesse ser algo contributivo para o meu futuro, uma vez que se trata de um processo que é abundante entre as organizações. Não é um livro propriamente atrativo de ler, uma vez que retrata matérias específicas, técnicas e que requerem algum estudo, no entanto, com a motivação certa, torna-se num livro interessante, e que acaba por refletir bastantes ensinamentos para a vida.

 

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